Mundo

Edimburgo reformulará pergunta de plebiscito

A Comissão Eleitoral considerou nesta quarta-feira a primeira proposta tendenciosa


	Escócia: a realização do plebiscito fez com que vários setores políticos do Reino Unido tenham iniciado campanhas a favor e contra da independência.
 (ChrisYunker/ Creative Commons)

Escócia: a realização do plebiscito fez com que vários setores políticos do Reino Unido tenham iniciado campanhas a favor e contra da independência. (ChrisYunker/ Creative Commons)

DR

Da Redação

Publicado em 30 de janeiro de 2013 às 13h39.

Londres - O Governo escocês reformulará a pergunta do plebiscito sobre a independência da Escócia para que seja neutra, depois que a Comissão Eleitoral considerou nesta quarta-feira a primeira proposta tendenciosa.

A vice-ministra principal do Executivo autônomo, Nicola Sturgeon, indicou que serão aceitas todas as recomendações da Comissão, que hoje avaliou que a pergunta feita inicialmente pelo governante Partido Nacionalista Escoês (SNP) podia "incitar o voto ao sim".

Sturgeon informou que se submeterá à aprovação do Parlamento de Edimburgo, encarregado de regular a realização do plebiscito em 2014, a pergunta sugerida pelo órgão eleitoral: "Deveria a Escócia ser um país independente? Sim ou Não?".

Anteriormente, o ministro principal escocês e número um do SNP, Alex Salmond, tinha proposto perguntar: "O senhor está de acordo de que a Escócia deveria ser um país independente?".

Após consultar a população, a Comissão Eleitoral escocesa estimou nesta quarta que essa formulação não era neutra, por isso que propôs a alternativa que finalmente foi aceita.

"Embora tenham reconhecido que nossa pergunta era clara e simples, aceitamos a mudança recomendada", afirmou Sturgeon, que lembrou que o objetivo de seu Governo é que o esperado plebiscito seja "justo e transparente".

Na sessão semanal de perguntas na câmara dos Comuns, o primeiro-ministro do Reino Unido, David Cameron, também aplaudiu a mudança porque "havia uma preocupação com a tendenciosidade da pergunta".

Cameron se compromteu a trabalhar com o Governo escocês para esclarecer o que significaria em efeitos práticos a independência da Escócia - outra recomendação da Comissão Eleitoral -, mas ressaltou que "não renegociará sua saída do Reino Unido".


Na mesma linha, o ministro para a Escócia, Michael Moore, adiantou que em fevereiro apresentará um primeiro relatório sobre a posição da Escócia em relação com o resto do Estado britânico.

O comissário eleitoral, John McCormick, explicou que, após "ver a proposta da primeira pergunta", tinha concluído que sua formulação poderia influenciar os indecisos.

Várias pessoas tinham observado - apontou - que a pergunta "O senhor está de acordo?" poderia induzir ao voto no sim. Por esse motivo, a Comissão propôs a formulação alternativa.

Paralelamente, o órgão achou que o eleitorado tem "uma ideia clara" de que "um país independente" significa se separar do Reino Unido, por isso que não é necessário concretizar esse aspecto, mas sim é preciso - assinalou - dar mais informação sobre o que acontecerá com o país se o "sim" ganhar.

A Comissão Eleitoral também estabeleceu os limites de despesa para cada partido durante a campanha para o plebiscito, que se baseará na proporção dos votos conquistados nas passadas eleições, nas quais o SNP ganhou por maioria.

O Governo de Salmond submeterá em março seu projeto de lei do plebiscito à aprovação do Parlamento autônomo, depois que há poucos dias a câmara dos Comuns aprovou traspassar a Edimburgo o poder para regular a consulta.


Cameron e Salmond já assinaram em outubro o Acordo de Edimburgo, que se fixava o plebiscito para a metade de 2014 e outorgavam ao Governo escocês as competências para organizá-lo.

A realização do plebiscito fez com que vários setores políticos do Reino Unido tenham iniciado campanhas a favor e contra da independência, a primeira liderada pelo partido de Salmond e a segunda, pelo ex-ministro trabalhista Alistair Darling.

Com a proliferação dos diferentes argumentos, e entre a incerteza sobre a pertinência à UE de uma Escócia independente, foi variando as intenções de voto.

Assim, a última pesquisa divulgada em 24 de janeiro constatou que o apoio à independência da Escócia caiu para 23%, o número mais baixo desde 2010, contra 32% que queria a indepedência em 2011. 

Acompanhe tudo sobre:EscóciaPaíses ricosPolítica

Mais de Mundo

Israel reconhece que matou líder do Hamas em julho, no Irã

ONU denuncia roubo de 23 caminhões com ajuda humanitária em Gaza após bombardeio de Israel

Governo de Biden abre investigação sobre estratégia da China para dominar indústria de chips

Biden muda sentenças de 37 condenados à morte para penas de prisão perpétua