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"É hora dos negócios valorarem o capital natural", diz Paul Simpson, do CDP

Para CEO do Carbon Disclosure Project, maior banco de dados do mundo sobre ações climáticas empresariais, é preciso contabilizar os recursos naturais - antes que seja tarde

Paul Simpson, do CDP: Os negócios não são imunes às limitações do Planeta (Vanessa Barbosa/ EXAME.com)

Vanessa Barbosa

Publicado em 26 de junho de 2012 às 14h11.

São Paulo - No mundo empresarial, muita coisa mudou nos vinte anos entre a Eco-92 e a Rio+20 . A sustentabilidade entrou nas salas de decisões de grandes companhias e o reporte das emissões de gases de efeito estufa (GEE) ajudou a definir metas de redução e bolar estratégias de combate às mudanças climáticas integradas ao negócio. Agora, é hora das empresas valorarem o capital natural. Quem afirma é Paul Simpson, CEO do Carbon Disclosure Program (CDP), organização não governamental britânica dona do maior banco de dados do mundo sobre ações climáticas empresariais e de reporte de GEE.

Durante a Rio+20, o CDP, que trabalha para conscientizar empresas e governos sobre redução de emissões e uso sustentável dos recursos hídricos, expandiu suas ações. Em parceria com a entidade de pesquisa científica Global Canopy Programme (GCP), lançou o maior sistema de reporte de capital natural do planeta, que integra, numa mesma plataforma, a gestão da água, do carbono e das florestas. Segundo Simpson, as florestas estão intimamente associadas à segurança climática e à água, portanto é importante integrá-las ao sistema de reporte. O executivo falou à EXAME.com.

EXAME.com - Qual a importância do gerenciamento e reporte do capital natural?

Paul Simpson - Tanto os investidores quanto as empresas estão cada vez mais conscientes de que é necessário acessar todas as implicações do nosso capital natural - clima, água, floresta, solo, biodiversidade - porque suas cadeias de valor são influenciadas pelas limitações de recursos naturais. O aumento da volatilidade dos preços da energia, por exemplo, é um risco para o negócio.

Estamos atingindo o limite do planeta, o que é insustentável e os negócios não são imunes às consequência. É mais barato gerenciar e valorizar o capital natural agora do que esperar a natureza nos foçar a isso. Se demorarmos para internalizar as externalidades, será bem mais caro. Nesse sentido, uma plataforma mais integrada, que contemple clima (emissões), água e floresta é o começo de um longo caminho para cobrir todo o impacto do capital natural de uma empresa.

EXAME.com - Na sua opinião, o que a Rio+20 deixa de positivo?

Paul Simpson - Vimos algumas tendências e novas direções para o futuro do mundo. Essa é a hora de todos os negócios valorarem o capital natural e o contabilizarem. Da parte do governo, os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável, que preveem que os governos estimulem mais as empresas a publicarem relatórios de sustentabilidade é outro ganho.


O reporte de emissões é uma parte fundamental da infraestrutura da economia verde e que pode acelerar essa transformação.

EXAME.com - De que forma as empresas podem ajudar na transição para a economia verde?

Paul Simson - Os governos querem criar uma economia verde que garanta crescimento, mas não podemos ter uma economia verde sem os negócios, que são fundamentais para o processo. As empresas têm a capacidade de inovar e gerar soluções para a sustentabilidade, mas os governos precisam criar uma estrutura de mercado para que isso aconteça, precisam mudar as formas como os subsídios são alocados, tirá-los dos combustíveis fósseis e direcioná-los para as tecnologias limpas, por exemplo. Precisamos ver o sistema de impostos mudar.

EXAME.com - No caminho da sustentabilidade, quem está andando mais rápido: as empresas ou os governos?

Paul Simpson - É difícil generalizar, há grandes companhias engajadas e outras não, há governos mais envolvidos e outros não. A sustentabilidade nos negócios é fundamental para o sucesso futuro das empresas e, em vários sentidos, as empresas líderes em seu setor estão adiantadas em relação aos governos de seus países. Mas há bons exemplos de iniciativas públicas. O Reino Unido vai obrigar que todas as companhias listadas no mercado de ações reportem suas emissões de gás efeito estufa. A partir do ano que vem, 1, 8 mil empresas vão ter que fazer essa medições, por lei.

EXAME.com - As empresas brasileiras estão engajadas com o reporte de emissões?

Paul Simpson - Entre os Brics, o Brasil está liderando o reporte de emissões, junto com a África do Sul. Ano passado, 54 das 80 maiores empresas brasileiras se reportaram ao CDP. Em seguida, aparecem India, China e por último a Rússia.

EXAME.com - Cada vez mais fala-se da importância de tornar a cadeia de fornecedores mais sustentável. A gestão de carbono tem sido significativa aí?

Paul SImpson - Sim, sem dúvida. É um processo gradual. Há dez anos, praticamente nenhuma companhia fazia medições de suas emissões ou as reportava. Ano passado, 3,7 mil reportaram pelo CDP em todo o mundo. E uma vez que elas gerenciam o carbono nas suas próprias operações, elas se dão conta de que existem riscos e oportunidades no combate às mudanças climáticas aí. Dependendo do setor, a cadeia de fornecedores pode ser responsável por até 80% das emissões da cadeia de valor.

Então já vemos grandes companhias engajando nesse processo as médias empresas. Hoje, temos 55 grandes companhias trabalhando com 4 mil fornecedores, ajudando a treiná-los e compartilhando conhecimento.

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Durante a Rio+20, o CDP, que trabalha para conscientizar empresas e governos sobre redução de emissões e uso sustentável dos recursos hídricos, expandiu suas ações. Em parceria com a entidade de pesquisa científica Global Canopy Programme (GCP), lançou o maior sistema de reporte de capital natural do planeta, que integra, numa mesma plataforma, a gestão da água, do carbono e das florestas. Segundo Simpson, as florestas estão intimamente associadas à segurança climática e à água, portanto é importante integrá-las ao sistema de reporte. O executivo falou à EXAME.com.

EXAME.com - Qual a importância do gerenciamento e reporte do capital natural?

Paul Simpson - Tanto os investidores quanto as empresas estão cada vez mais conscientes de que é necessário acessar todas as implicações do nosso capital natural - clima, água, floresta, solo, biodiversidade - porque suas cadeias de valor são influenciadas pelas limitações de recursos naturais. O aumento da volatilidade dos preços da energia, por exemplo, é um risco para o negócio.

Estamos atingindo o limite do planeta, o que é insustentável e os negócios não são imunes às consequência. É mais barato gerenciar e valorizar o capital natural agora do que esperar a natureza nos foçar a isso. Se demorarmos para internalizar as externalidades, será bem mais caro. Nesse sentido, uma plataforma mais integrada, que contemple clima (emissões), água e floresta é o começo de um longo caminho para cobrir todo o impacto do capital natural de uma empresa.

EXAME.com - Na sua opinião, o que a Rio+20 deixa de positivo?

Paul Simpson - Vimos algumas tendências e novas direções para o futuro do mundo. Essa é a hora de todos os negócios valorarem o capital natural e o contabilizarem. Da parte do governo, os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável, que preveem que os governos estimulem mais as empresas a publicarem relatórios de sustentabilidade é outro ganho.


O reporte de emissões é uma parte fundamental da infraestrutura da economia verde e que pode acelerar essa transformação.

EXAME.com - De que forma as empresas podem ajudar na transição para a economia verde?

Paul Simson - Os governos querem criar uma economia verde que garanta crescimento, mas não podemos ter uma economia verde sem os negócios, que são fundamentais para o processo. As empresas têm a capacidade de inovar e gerar soluções para a sustentabilidade, mas os governos precisam criar uma estrutura de mercado para que isso aconteça, precisam mudar as formas como os subsídios são alocados, tirá-los dos combustíveis fósseis e direcioná-los para as tecnologias limpas, por exemplo. Precisamos ver o sistema de impostos mudar.

EXAME.com - No caminho da sustentabilidade, quem está andando mais rápido: as empresas ou os governos?

Paul Simpson - É difícil generalizar, há grandes companhias engajadas e outras não, há governos mais envolvidos e outros não. A sustentabilidade nos negócios é fundamental para o sucesso futuro das empresas e, em vários sentidos, as empresas líderes em seu setor estão adiantadas em relação aos governos de seus países. Mas há bons exemplos de iniciativas públicas. O Reino Unido vai obrigar que todas as companhias listadas no mercado de ações reportem suas emissões de gás efeito estufa. A partir do ano que vem, 1, 8 mil empresas vão ter que fazer essa medições, por lei.

EXAME.com - As empresas brasileiras estão engajadas com o reporte de emissões?

Paul Simpson - Entre os Brics, o Brasil está liderando o reporte de emissões, junto com a África do Sul. Ano passado, 54 das 80 maiores empresas brasileiras se reportaram ao CDP. Em seguida, aparecem India, China e por último a Rússia.

EXAME.com - Cada vez mais fala-se da importância de tornar a cadeia de fornecedores mais sustentável. A gestão de carbono tem sido significativa aí?

Paul SImpson - Sim, sem dúvida. É um processo gradual. Há dez anos, praticamente nenhuma companhia fazia medições de suas emissões ou as reportava. Ano passado, 3,7 mil reportaram pelo CDP em todo o mundo. E uma vez que elas gerenciam o carbono nas suas próprias operações, elas se dão conta de que existem riscos e oportunidades no combate às mudanças climáticas aí. Dependendo do setor, a cadeia de fornecedores pode ser responsável por até 80% das emissões da cadeia de valor.

Então já vemos grandes companhias engajando nesse processo as médias empresas. Hoje, temos 55 grandes companhias trabalhando com 4 mil fornecedores, ajudando a treiná-los e compartilhando conhecimento.

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