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Duvalier é levado à justiça, 2 dias após sua volta do exílio

Ex-ditador do Haiti é acusado de corrupção e desvio de fundos do país

Baby Doc chega ao tribunal no Haiti: segundo a Suíça, ex-ditador deve US$ 5,7 mi ao país (Hector Retamal/AFP)
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Da Redação

Publicado em 19 de janeiro de 2011 às 13h24.

Porto Príncipe - O ex-ditador haitiano Jean-Claude "Baby Doc" Duvalier foi indiciado por corrupção e desvio de fundos nesta terça-feira pela justiça do Haiti, que, no entanto, o deixou em liberdade, menos de 48 horas depois do seu regresso a Porto Príncipe, após 25 anos de exílio na França.

Após ser levado pela polícia do hotel onde estava hospedado ao tribunal, sob os gritos de partidários, que exigiam sua libertação e a renúncia do atual presidente, René Préval, Duvalier deixou o Palácio de Justiça no fim da tarde.

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Durante a audiência, o ex-ditador foi indiciado por corrupção e desvio de fundos públicos, crimes cometidos durante sua presidência (1971-86), declarou à AFP um de seus advogados, Gervais Charles.

"Está livre, mas fica a disposição da justiça", disse.

O ex-ditador saiu do tribunal sem algemas e acompanhado por sua esposa, Véronique Roy. Ao ser perguntado por um jornalista da AFP sobre como se sentia, Duvalier respondeu que estava bem, antes de entrar em um carro escoltado por veículos da polícia.

As organizações internacionais de defesa dos direitos humanos consideram Jean-Claude Duvalier responsável pela morte de milhares de oponentes.


E no contexto das acusações de desvio de fundos, a Suíça havia dito que deve devolver ao povo haitiano cerca de 5,7 milhões de dólares, depositados pela família de Duvalier em bancos do país europeu.

O país vive plena crise humanitária e política, depois do adiamento sine die do segundo turno da eleição presidencial, um ano depois do terremoto de janeiro de 2010, que deixou 250.000 mortos e centenas de milhares de desabrigados.

Na segunda-feira, o primeiro-ministro haitiano, Jean-Max Bellerive, havia afirmado que "se houver procedimentos nos quais (Duvalier) está envolvido, a Justiça fará o que tem que fazer".

Michele Montas, ex-porta-voz do secretário-geral da ONU Ban Ki-Moon, e que teve o esposo, o jornalista Jean Dominique, vítima do regime de Duvalier, disse que vai entrar com uma denúncia coletiva.

Seu reaparecimento no Haiti leva à superfície "todas as questões que o afetam", assim como "a impunidade e a responsabilidade em seu entorno", afirmou o porta-voz da Alta Comissária das Nações Unidas, Rupert Colville.

Nesta terça-feira, os Estados Unidos afirmaram que a presença do ex-ditador "acrescenta mais carga" ao país mais pobre do continente americano.

"O fato de chegar em meio a uma situação tão delicada... isto é mais uma complicação em uma situação muito difícil para o Haiti", disse Philip Crowley, porta-voz da diplomacia americana.

Por sua vez, o ex-presidente haitiano Jean-Bertrand Aristide, exilado na África do Sul, tenta renovar seu passaporte e regressar ao país, mas as autoridades do Haiti negam a validação do documento, disse nesta terça-feira à AFP um advogado próximo ao ex-presidente.

Aristide "pediu a renovação de seu passaporte" para pode voltar "e o governo haitiano se opôs a renová-lo", disse Brian Concannon, diretor do Instituto para a Justiça e Democracia no Haiti, que segue de perto a situação legal do ex-presidente.

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