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Documentos da ditadura apontam que Dilma tramou assaltos a bancos

Documentos chamam presidente eleita de "Joana d'Arc da subversão", mas não mostram se ela participou diretamente de alguma ação armada

Dilma Rousseff foi presa em 1970 aos 23 anos (José Cruz/AGÊNCIA BRASIL)

Dilma Rousseff foi presa em 1970 aos 23 anos (José Cruz/AGÊNCIA BRASIL)

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Da Redação

Publicado em 19 de novembro de 2010 às 10h11.

Brasília - A presidente eleita do Brasil, Dilma Rousseff, "assessorou" grupos guerrilheiros na preparação de assaltos a bancos durante a ditadura que governou o país entre 1964 e 1985, aponta documentos publicados nesta sexta-feira pelo jornal "O Globo".

No entanto, os grupos de inteligência das Forças Armadas não confirmaram sua participação direta em nenhuma ação armada, segundo consta os arquivos do Ministério Público Militar, que foram divulgados publicamente, após serem considerados secretos durante mais de quatro décadas.

A abertura desses arquivos foi solicitada à justiça militar pelo jornal "Folha de São Paulo", mas foi "O Globo" que publicou nesta sexta-feira as primeiras informações dos documentos, que pouco fala sobre os vínculos de Dilma às guerrilhas urbanas contra a ditadura.

A atual presidente eleita foi detida em 1970, quando tinha 23 anos, acusada de pertencer a "grupos subversivos" e permaneceu presa durante quase três anos, nos quais afirma ter sido submetida a "bárbaras torturas".

De acordo com os documentos do "O Globo", Dilma foi qualificada pela ditadura como "a Joana d'Arc da subversão".

Como integrante dos grupos guerrilheiros Colina e VAR-Palmares dirigiu greves, assessorou assaltos a bancos e delegou funções, embora não se pôde comprovar que tenha participado diretamente em nenhuma ação armada.

Nos documentos constam algumas passagens de sua declaração perante a Justiça Militar após sua captura, nos quais se manifestou "marxista-leninista" e admitiu que o grupo Colina participou de três assaltos a bancos e foi responsável por dois atentados com bombas, sem vítimas registradas.

"É uma figura feminina de expressão tristemente notável, mas com uma dotação intelectual bastante apreciável", dizem os arquivos que "O Globo" teve acesso.

A última vez que Dilma falou publicamente sobre os episódios foi em 2008, durante uma reunião no Congresso, quando afirmou que mentiu nos interrogatórios à Justiça Militar.

"Eu me orgulho muito por ter mentido, senador, porque mentir sob tortura não é fácil. Na democracia se fala a verdade, na tortura, quem tem coragem e dignidade fala mentira", declarou a presidente eleita, que no dia 1º de janeiro sucederá Luiz Inácio Lula da Silva na Presidência do Brasil.

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