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Documentário mostra crianças recrutadas por jihadistas do EI

Filme é uma obra do jornalista anglo-palestino Medyan Dairieh e mostra a dura realidade imposta pelos ultra-radicais do Estado Islâmico

Imagem divulgada pela mídia jihadista Welayat Raqa mostra supostos membros do Estado Islâmico alvejando soldados sírios, em Raqa (AFP)
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Da Redação

Publicado em 15 de agosto de 2014 às 17h23.

Nova York - Um documentário anglo-palestino divulgado na íntegra esta semana no site Vice News mostra como crianças são recrutadas para serem jihadistas na cidade síria de Raqa, que faz parte do califado proclamado em regiões da Síria e do Iraque , onde a lei islâmica é imposta com armas.

O filme é uma obra do jornalista anglo-palestino Medyan Dairieh e mostra a dura realidade imposta pelos ultra-radicais do Estado Islâmico ( EI ) na região.

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O tom fica marcado logo no início da obra. "A sharia só pode ser imposta com as armas", conforme explica um entrevistado ao documentarista, que seguiu durante três semanas o grupo ultra-radical sunita e conseguiu, segundo o Vice News, "um acesso sem precedentes ao grupo no Iraque e na Síria".

Em Raqa, os jihadistas fortemente armados desfilam pelas ruas em carros americanos roubados do Exército iraquiano.

A polícia religiosa patrulha exibindo fuzis e ordena, por exemplo, a um pedestre que faça sua esposa usar o véu com tela para se cobrir completamente.

"Quem não obedece, é forçado", explica Abu Obida, chefe da patrulha.

Um homem acusado de assassinato foi crucificado em público. Os corpos de soldados sírios mortos por jihadistas durante a recente ofensiva ficam estendidos na rua, com suas cabeças amarradas a postes.

Vários prisioneiros sentados no chão são espancados por terem vendido ou consumido álcool.

Quem quer ser mártir?

Meninos com idades variando de 9 a 14 anos declaram que querem combater para "matar infiéis". Um de nove anos se diz pronto para treinar técnicas de combate com fuzis kalashnikov "para lutar contra os russos... quer dizer, contra os Estados Unidos", corrige.

"Quem quer ser jihadista ou virar mártir?", pergunta a uma das crianças um homem de origem belga identificado como Abddullah.

"Jihadista", responde o menino, acrescentando que "os infiéis matam muçulmanos".

Para os menores de 15 anos, os acampamentos servem para aprender a sharia. A partir dos 16 anos, eles podem fazer parte das operações militares, explica o porta-voz do EI, Abu Mussa.

"Acreditamos que esta geração de crianças é uma geração do califado, que combaterá infiéis e apóstatas, os americanos e seus aliados. A doutrina correta foi incutida neles. Todos querem lutar pelo Estado Islâmico", explica o homem, enquanto as crianças mergulham no Eufrates.

As poucas mulheres visíveis são apenas sombras, tão negras quanto seus hijab, o véu islâmico.

"Queremos satisfazer a Deus, não importam os padrões internacionais", declara um clérigo que afirma que os juízes especializados fazem a rígida aplicação da sharia, principalmente em relação a álcool e adultério.

Depois de uma ofensiva relâmpago, o EI, acusado de inúmeras atrocidades, proclamou no final de junho um califado nas terras que controla, no norte da Síria e noroeste do Iraque. Para se salvar, milhares de pessoas decidiram abandonar suas casas.

Há alguns dias, os jihadistas avançam para o Curdistão autônomo (nordeste do Iraque), expulsando milhares de integrantes das minorias cristãs e yazidis (curdos não muçulmanos) de suas cidades para o Monte Sinjar e outras regiões remotas.

Poucos são os meios de comunicação que vão até a região, por motivos de segurança.

Um repórter do jornal The New York Times no mês passado conseguiu fazer entrevistas, mas não identificou suas fontes.

Segundo Kevin Sutcliffe, do Vice News Europe, Dairieh seria a única pessoa que os jihadistas deixaram ficar no califado por tanto tempo.

O Vice News, que faz parte do grupo de multimídia Vice, foi criado em dezembro passado para "uma geração conectada que reivindica um olhar sem obstruções sobre alguns dos acontecimentos mais importantes de nossos tempos".

O Vice ganhou destaque, por exemplo, no ano passado, ao enviar o ex-jogador de basquete americano Dennis Rodman para uma visita à Coreia do Norte.

O documentário de Medyan Dairieh pode ser visto no endereço .

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