UNIÃO EUROPEIA: a velha divisão entre norte e sul é entrave pra resgate pensado por França e Alemanha (Yves Herman/File Photo/Reuters Business)
Gabriela Ruic
Publicado em 27 de maio de 2020 às 06h47.
A quarta-feira (27) será de desafios para Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia. A chefe do poder executivo europeu irá apresentará aos países-membros da União Europeia um plano detalhado que inclui a proposta de orçamento do bloco para o período 2021-2027 e o pacote de ajuda econômica que visa tirar as economias europeias do buraco pós-coronavírus. Não será fácil.
O pacote apresentado por von der Leyen é baseado no projeto da primeira-ministra da Alemanha, Angela Merkel, e do presidente da França, Emmanuel Macron, revelado no último dia 18, de criar um fundo de impressionantes 500 bilhões de euros. O direcionamento dos recursos será definido pela Comissão Europeia. O pacote é visto como histórico e até ganhou o apelido de “o momento hamiltoniano” de Merkel e Macron, numa alusão a Alexander Hamilton, primeiro secretário do Tesouro dos Estados Unidos e um dos pais do capitalismo americano.
Já o orçamento, além de ter de prever todas as complicações da pandemia, precisa, ainda, dar conta de cimentar o buraco deixado pelas contribuições anuais do Reino Unido em razão do tumultuado Brexit, e que foi avaliado em 10 bilhões de euros por ano. O orçamento já era alvo de polêmicas há meses e expôs as divisões de um bloco que prega a unidade.
De um lado estão países que querem limitar os gastos da UE e mantê-los sob maior controle. Coincidentemente ou não, esse grupo compreende países mais ricos, como Holanda e Áustria. De outro, estão os países próximos do Mediterrâneo, como Itália e Espanha, e que vinham sofrendo pressões econômicas muito antes de a pandemia ganhar fôlego. Agora, precisam de ainda mais estímulos, uma vez que os danos da covid-19 acertarão não só as suas economias, mas o bloco como um todo.
As discussões prometem pegar fogo e um resultado dificilmente virá à tona imediatamente. Com os dados nas mãos e os planos apresentados, será que Ursula von der Leyen conseguirá que as medidas sejam aprovadas por todos os 27 países?