Dissidente lança 1º jornal independente on-line de Cuba
Veículo é desafio ao monopólio estatal sobre os meios de comunicação em um país onde o acesso à internet é limitado
Da Redação
Publicado em 21 de maio de 2014 às 12h39.
Havana - A blogueira e dissidente cubana Yoani Sánchez lançou nesta quarta-feira o primeiro jornal digital independente da ilha comunista, em um desafio ao monopólio estatal sobre os meios de comunicação em um país onde o acesso à Internet é limitado.
O jornal "14ymedio.com" foi lançado online com doações não identificadas de cerca de 150 mil dólares, com o foco em dar espaço para críticas ao governo, que por sua vez vê adversários como mercenários a serviço de potências estrangeiras que podem ser punidos com prisão.
"'14ymedio' é a evolução de uma aventura pessoal em um projeto coletivo", diz a publicação.
A primeira edição do jornal, que pode ser acessado em http://www.14ymedio.com, conta com uma ampla gama de temas, de política a cultura, com ênfase na crítica ao sistema de saúde cubano e um questionamento do status do beisebol como esporte nacional.
A cobertura inclui o artigo "Madrugada Vermelha: Havana está matando por aí", de Victor Ariel González , sobre a violência na capital da ilha.
Também inclui artigos de opinião sobre o plano de reforma econômica que o presidente cubano, Raúl Castro, está implementando, assinado pela também blogueira dissidente Miriam Celaya, entre outros.
A publicação também traz entrevistas, reportagens e discussões sobre a participação dos cidadãos e o jornal do futuro.
A maioria dos cubanos não pode ler o jornal, uma vez que apenas 2,6 milhões de pessoas de uma população de 11,2 milhões têm acesso à Internet e muitos só podem ver a Intranet controlada pelo governo.
Yoani, de 38 anos, é uma crítica severa do governo, contra o qual promoveu ataques em seu popular blogue "Geração Y" e em sua conta da rede social Twitter. Seus posicionamentos a levaram à prisão em várias ocasiões.
O nome do jornal é em homenagem ao ano em que foi criado e ao andar do apartamento onde Yoani vive. A equipe editorial é dirigida por seu marido, Reinaldo Escobar.
A equipe inclui outros profissionais. Além de dois jornalistas, há um dentista, um engenheiro civil e outros. De acordo com Yoani, eles não serão pagos pelo trabalho.
A publicação não tem uma redação em Havana ou conexão de e-mail. Os jornalistas vão usar mensagens de texto de telefones celulares. As histórias serão enviados para a Internet através de acesso sem fio a partir de hotéis e locais públicos.
- 94% dos casos de assassinato ficaram impunes
- 16% dos assassinatos partiu, acredita-se, de forças do governo
- 44% dos profissionais eram de meios online, 37% eram de TV e 20% de meios impressos
- 44% foram assassinados, enquanto 36% estavam no meio de um combate ou fogo cruzado e 20% estavam em uma situação de risco