Disparos em protestos contra presidente do Congo deixam 19 mortos
Kabila finalizou na segunda-feira seu segundo e último mandato, mas o Tribunal Constitucional aceitou atrasar as eleições até 2018
EFE
Publicado em 21 de dezembro de 2016 às 15h30.
Última atualização em 21 de dezembro de 2016 às 20h13.
Kinshasa - Pelo menos 19 pessoas morreram e outras 45 foram feridas por disparos na República Democrática do Congo (RCD) durante os enfrentamentos de ontem entre as forças de segurança e manifestantes contrários ao presidente Joseph Kabila, informou nesta quarta-feira a ONU .
"Estamos muito preocupados pelo uso excessivo da força por parte do Exército, da polícia, da Guarda Republicana e da Agência Nacional de Inteligência", disse em entrevista coletiva o diretor do escritório das Nações Unidas para os Direitos Humanos em Kinshasa, José María Aranaz.
Aranaz denunciou as restrições da ONU para ter acesso à informação e a repressão exercida sobre os meios de comunicação.
O diretor lembrou às autoridades congolesas sua obrigação de "respeitar os direitos e liberdades fundamentais".
Organizações como Human Rights Watch elevam o número de mortos a 26, a maioria deles em Kinshasa.
Kabila finalizou na segunda-feira seu segundo e -por imperativo constitucional- último mandato, mas o Tribunal Constitucional aceitou atrasar as eleições até 2018 como pedia a Comissão Eleitoral, que alega motivos técnicos para o adiamento.
Esse acordo, apoiado pela União Africana (UA), foi rejeitado por alguns partidos de oposição, que continuam sem aceitar a mudança de data eleitoral.
O principal líder desses partidos opositores, Etienne Tshisekedi, chamou os congoleses a resistirem pacificamente contra o "golpe de Estado" do presidente.
"Lanço uma chamada solene ao povo congolês para que não reconheça a autoridade ilegal e ilegítima de Joseph Kabila e resista pacificamente a um golpe de estado que aconteceu com a bênção do tribunal constitucional", disse
O primeiro-ministro, Samy Badibanga, divulgou na segunda-feira a formação de um novo governo, que inclui 67 ministros e vice-ministros, com figuras da oposição e a sociedade civil e que pretende realizar a transição para levar o país rumo ao processo eleitoral em 2018.