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Discussão sobre entrada de Venezuela nos Brics não é 'julgamento moral e nem político', diz Amorim

Assessor defende que a cúpula esteja aberta a países que tenham capacidade de relacionamento

Celso Amorim, assessor especial da Presidência da República (Ludovic Marin/AFP)

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Agência o Globo
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Publicado em 22 de outubro de 2024 às 06h52.

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A discussão sobre o Brasil se posicionar contrário a entrada da Venezuela nos Brics (grupo que originalmente reunia Brasil, Rússia, Índia e China) não se trata de "julgamento moral e nem político", afirmou Celso Amorim, principal conselheiro para assuntos internacionais do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

O assessor esteve com Lula nesta segunda-feira no Palácio da Alvorada, enquanto o presidente se recupera de um acidente doméstico no sábado, e disse que é possível que "não se chegue a uma conclusão" sobre a posição do Brasil neste momento.

— Talvez ainda não seja possível chegar a uma conclusão. Não estou preocupado com a entrada ou não da Venezuela, não estamos fazendo julgamento moral e nem político sobre o país em si. O Brics tem países que praticam certos tipos de regime, e outros tipos de regime, a questão é saber se eles têm capacidade pelo seu peso político e pela capacidade de relacionamento, de contribuírem para um mundo mais pacífico — disse Amorim ao GLOBO.

A Venezuela se candidatou para ingressar no colegiado e a primeira cúpula do colegiado ampliado deverá debater a entrada do país comandado por Nicolás Maduro. O encontro ocorre em Kazan, na Rússia, de 22 a 24 de outubro. O grupo reúne, além do Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, e desde o ano passado, Egito, Irã, Emirados Árabes Unidos, Arábia Saudita e Etiópia.

— O Brasil quer fortalecer os Brics, tivemos um aumento recente, estamos nos adaptando a esse aumento. A própria Arábia Saudita, disse que ia entrar, foi em algumas reuniões, não foi a outras. Queremos que haja Brics fortalecido, países que possam realmente contribuir para paz pelo equilíbrio — argumenta o assessor.

Amorim defende que não haja uma regra rígida, mas que a cúpula esteja aberta a países que tenham clara capacidade de relacionamento, o que compensaria nações de menor tamanho. O assessor cita o exemplo da Turquia, que não integra o grupo e faz contribuições efetivas.

— Não acho que deve ser restritivo, mas tem países que pela sua capacidade de relacionamento, compensam tamanho pequeno e a partir dessa ideia podem ter um peso nas relações internacionais, influenciar na paz mundial, no desenvolvimento e na mudança da governança global.

Devido ao acidente doméstico do último sábado, Lula cancelou a ida à Rússia e enviou o chanceler Mauro Vieira como chefe da delegação brasileira. O ministro representará Lula em todos os encontros da cúpula.

Ao falar em nome do presidente, o chanceler deverá fazer a defesa de dois pontos considerados prioritários na política externa de Lula. São eles a reforma da governança global, com destaque para o Conselho de Segurança da ONU, e a busca de formas de os países do bloco dependerem menos do dólar nas transações comerciais e de organismos multilaterais de crédito, como o Fundo Monetário Internacional e o Banco Mundial.

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