Diplomata norte-coreano que havia desertado reaparece em público
Segundo Thae Yong-ho, "o governo norte-coreano está acelerando o desenvolvimento de armas nucleares"
EFE
Publicado em 27 de dezembro de 2016 às 13h20.
Seul - Thae Yong-ho, o diplomata que desertou neste ano da embaixada da Coreia do Norte em Londres, deu pela primeira vez nesta terça-feira uma entrevista coletiva desde que chegou à Coreia do Sul e denunciou que o regime de Pyongyang quer concluir um plano de desenvolvimento nuclear no ano que vem.
"O governo norte-coreano está acelerando o desenvolvimento de armas nucleares depois de ter estabelecido um plano para completá-lo em 2017", explicou Thae, que em julho se transformou no primeiro funcionário norte-coreano do alto escalão a fugir do regime nos últimos anos quando ele, sua mulher, e os dois filhos do casal, solicitaram asilo.
"Enquanto Kim Jong-un estiver lá, a Coreia do Norte não vai abandonar as armas atômicas. Não fará mesmo que receba oferta de US$ 1 trilhão ou 10 trilhões. Não é questão de incentivos", explicou em declarações divulgadas pela agência "Yonhap", em Seul.
"A Coreia do Norte acha que a Coreia do Sul e os Estados Unidos não poderão adotar medidas este ano para dissuadir o país de continuar o desenvolvimento nuclear por seus procedimentos políticos internos (a chegada de Trump ao poder e a possível destituição da presidente sul-coreana por escândalo de corrupção)", afirmou.
Thae, de 55 anos, disse que embora a Coreia do Norte tenha colocado o desenvolvimento nuclear e o econômico como suas prioridades, o primeiro tema é o que tem mais peso.
"Depois do congresso do partido único em maio, Kim Jong-un fez com que o partido se transformasse em política de Estado, terminando o programa de desenvolvimento nuclear o mais rápido possível", argumentou o ex-número dois da delegação da Coreia do Norte na capital britânica.
Educado no exterior e com vários anos de experiência em embaixadas (foram dez anos na do Reino Unido), o ex-diplomata, cuja deserção foi a maior desde que as duas Coreias começaram uma guerra fratricida (1950-1953) que ainda não tem tratado de paz, deve se unir a um instituto de pesquisa sul-coreano relacionado à segurança nacional.
Thae, que garantiu estar "desapontado" com o governo de Pyongyang quando pediu asilo, ressaltou que fez "um juramento para desarticular o regime de Kim Jong-un e salvar o povo coreano do desastre nuclear que se aproxima".