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Dilema da Zona do Euro: federalismo ou fracasso

Autoridades defendem que crise no continente pode fazer a União Européia elaborar uma política orçamentária comum

As crises em Portugal, Grécia e Irlanda aumentaram as dificuldades da UE (Ralph Orlowski/Getty Images)

As crises em Portugal, Grécia e Irlanda aumentaram as dificuldades da UE (Ralph Orlowski/Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 21 de julho de 2011 às 13h47.

Bruxelas - Depois de um ano e meio de tentativas para solucionar a crise da dívida, a Zona do Euro enfrenta escolhas difíceis para o seu futuro: seguir em frente e dar um grande salto na gestão de sua moeda, ou retroceder, o que seria um atestado do fracasso.

Por trás das aparentes divisões técnicas, principalmente sobre o novo pacote de ajuda à Grécia, se escondem diferenças políticas sobre a direção que deve ser dada ao projeto europeu.

"Os dirigentes europeus recusam abordar o único ponto-chave: como evoluir para um verdadeiro federalismo que se impõe desde o nascimento do euro, nossa moeda federal, como pedem os mercados financeiros, e que parta de um ponto de vista lógico e pertinente?" considera o presidente da Fundação Schuman, Jean-Dominique Giuliani.

Nos anos 1990, com o Tratado de Maastricht, os europeus fizeram uma aposta arriscada: criar uma moeda única, que entrou em vigor em 1999, mas sem uma política orçamentária comum, já que cada Estado mantém sua soberania nesta área.

Ao final de uma década, a prática atingiu seu limite com a crise financeira e econômica mundial que afundou o Velho Continente na pior recessão desde o pós-guerra. O Pacto de Estabilidade, previsto como regulador para limitar os déficits, caiu em pedaços.

A Grécia, no começo de 2010, a Irlanda no fim do ano passado, Portugal em junho de 2011; as crises se repetem e com elas os remendos feitos após cansativas negociações.

Em cada caso, fica a impressão de que a União Monetária fica a reboque dos acontecimentos.

"As gestões hoje parecem que estão um pouco atrasadas", disse na quarta-feira o primeiro-ministro polonês Donald Tusk, que preside a União Europea, pedindo aos líderes que ofereçam "ideias de soluções para toda a Zona do Euro (...) e não apenas para a Grécia".

Sob pressão, a União conseguiu muitos avanços na década passada, quebrando o tabu da ajuda financeira entre os Estados, exigindo que os projetos de orçamentos nacionais tenham a aprovação de Bruxelas antes de sua adoção pelos Parlamentos nacionais ou do endurecimento da disciplina orçamentária comum.

Entretanto, a medida não é suficiente. Os pró-europeus veem o avanço a uma federalização profunda mediante, principalmente, a criação de eurobônus. Outros países da Zona do Euro preferiram unificar uma parte de seus créditos nos mercados, com uma taxa de juros média na qual os países poderosos protegeriam os mais frágeis.


É preciso "ousar a finalmente abrir o debate sobre uma melhor integração" econômica da Zona do Euro, declarou à AFP o ministro belga de Finanças, Didier Reynders.

"Os alemães precisam entender", disse ao se referir à chanceler alemã Angela Merkel, que se opõe fortemente a uma "união de transferências" financeiras entre os países, defendendo que cada um seja responsável por suas dívidas.

O presidente do Banco Central Europeu, Jean-Claude Trichet, foi mais longe ao propor que haja um Ministério de Finanças europeu que supervisione as principais diretrizes orçamentárias e econômicas da União.

No campo euroecético, os mais radicais, tanto na esquerda como na direita, defendem pelo retorno das moedas nacionais.

Até mesmo para os mais desacreditados na moeda única, como o economista americano Nouriel Roubini que já havia previsto o desaparecimento do euro em várias ocasiões, a opção da gestão federal do euro parece inevitável.

"Ou a Eurozona se dirige para uma integração econômica, fiscal e política maior (...) ou vai ocorrer defaults em desordem, crises bancárias e por fim uma falência", alertou esta semana numa coluna de opinião.

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