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Diálogo entre oposição e governo sírios não avança

Porta-voz da oposição síria disse que negociações de paz para o país não podem avançar se a atual equipe negociadora seguir como interlocutora do regime


	Porta-voz da delegação da oposição síria, Louay Safi: negociações chegaram a um ponto morto, disse
 (Denis Balibouse/Reuters)

Porta-voz da delegação da oposição síria, Louay Safi: negociações chegaram a um ponto morto, disse (Denis Balibouse/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 14 de fevereiro de 2014 às 12h29.

Genebra - O porta-voz da delegação opositora síria, Louay Safi, afirmou nesta sexta-feira que as negociações de paz para a Síria não podem avançar se a atual equipe negociadora seguir como interlocutora do regime.

"As negociações chegaram a um ponto morto que não podemos superar se a outra equipe não tentar uma solução política", disse Safi em entrevista coletiva após a reunião da delegação da oposição com o mediador, Lakhdar Brahimi.

Safi lembrou que na quarta-feira a equipe opositora apresentou um documento com 22 pontos com seu plano para uma transição política, proposta que "não obteve resposta".

O porta-voz sustentou, além disso, que vão fazer falta "muitos progressos" para que seja realizada uma terceira rodada de negociações de paz para a Síria e admitiu que "por enquanto não foi conquistado nenhum resultado".

"Continuar desta maneira faz com que as negociações não avancem rumo a uma solução política ao conflito", afirmou.

Por isso, o porta-voz pediu à ONU e aos países promotores do processo, EUA e Rússia, que façam tudo o que for possível para influenciar o Governo sírio para que convoque um novo rodízio da equipe negociadora e vá para Genebra "disposto a se envolver em um debate político".

Sobre se a atual rodada terminará hoje, o porta-voz indicou que "há uma pequena possibilidade que ocorra um breve encontro amanhã", embora não tenha esclarecido se esse encontro contará com as duas delegações ou se elas falarão separadamente com Brahimi.


O porta-voz acusou o regime de utilizar a luta contra o terrorismo como argumento para desviar o processo de seu alvo principal, "que é a criação de um órgão de Governo transitório que ponha fim às hostilidades".

"Falar de violência, como quer o regime, implica também em falar de sua violência porque não somos nós os que estamos bombardeando e atacando cidades", afirmou Safi.

O porta-voz disse que, por enquanto, falaram dos temas que preocupam ambas delegações, mas que não foi abordada a criação de mecanismos que sirvam para aplicar os pontos do "Comunicado de Genebra", documento estipulado pela Rússia e Estados Unidos em junho de 2012 como base das negociações.

Entre as funções do órgão de Governo que a oposição reivindica, Safi lembrou que deverá ser imposto um cessar-fogo, liberar todos os detidos políticos, impor justiça e iniciar o caminho para eleições livres.

Por sua vez, o vice-ministro de Relações Exteriores da Síria, Faisal Makdad, falou sobre a resposta que receberam da oposição nesta segunda rodada de negociações de paz.

"Não escutamos nada além de insultos e apoio ao terrorismo. Lamentamos profundamente que nesta rodada não tenha havido nenhum progresso", disse Makdad em entrevista coletiva.

O responsável sírio se queixou, além disso, que a delegação opositora chegou à cidade suíça com "uma agenda diferente, que não é realista e que só tem um ponto, que tirou de forma seletiva do "Comunicado de Genebra", a criação de um Governo de transição".

Além disso, Makdad criticou os opositores porque "não reconheceram que há terrorismo na Síria, nem que há carros-bomba, nem que o Estado Islâmico do Iraque e do Levante e a Frente al Nusra estejam ali".

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