Dia do Trabalho vira Dia do Protesto pelo mundo
Na Europa e na Ásia, manifestantes criticaram governos e partiram para cima da polícia
Da Redação
Publicado em 1 de maio de 2013 às 16h53.
Última atualização em 13 de setembro de 2016 às 15h37.
São Paulo — O Dia do Trabalho, celebrado nesta quarta-feira em vários países, foi marcado por protestos. Até de cachorros. Na Espanha, milhares de pessoas se manifestaram contra o desemprego, que bate seguidos recordes no país. Houve quem levasse narizes de palhaço e até um cão com palavras de ordem na roupa. Enquanto isso, na Rússia, manequins de roupa íntima testemunharam uma passeata que desenterrou símbolos soviéticos. Na Grécia , o alvo foi, como sempre tem sido, a chanceler Angela Merkel. A Alemanha, aliás, foi o único país onde a festa chamou mais atenção que o protesto. Na Indonésia, homens se vestiram de guerreiros para reclamar do governo. E em Hong Kong, grandes empresários foram o alvo preferido, sendo transformados em vampiros nas caricaturas.
A capital Atenas viveu mais um dia de greve geral e protestos contra a União Europeia, a Alemanha e o governo local. Bandeiras foram queimadas na praça Syntagma, a principal da cidade, mas a paralisação desta vez não teve tanta força quanto as anteriores.
A greve de hoje na Grécia serviu como protesto contra a nova rodada de cortes no orçamento aprovada no domingo pelo Parlamento e estipulada pelo governo do conservador Antonis Samaras e a pela troika (Comissão Europeia, Banco Central Europeu e Fundo Monetário Internacional). As centrais sindicais do país tinham também um outro motivo para irem às ruas: o governo transferiu o feriado do Dia do Trabalho para a semana que vem. Na foto, uma bandeira da União Europeia queimada em frente ao parlamento grego.
Enquanto fotos da líder alemã Angela Merkel eram queimadas na Grécia, em Berlim a festa predominava sobre as manifestações. O país teve sim protestos tanto da extrema direita como da extrema esquerda e a polícia chegou a ser aciona, acionada, mas não houve confrontos.
As centrais sindicais da Espanha concentraram suas energias em um tema: desemprego. Milhares de pessoas desfilaram pelas ruas de várias cidades do país, que atravessa seu pior momento em matéria de ocupação. Ao todo, 6,2 milhões de pessoas, ou 27,16% da população ativa não tem trabalho no país.
Ao todo, 40 mil pessoas (e ao menos um cão, na foto ao lado) foram às ruas de acordo com as centrais sindicais. Os sindicatos também reivindicaram o final das políticas de austeridade e os cortes, que consideram que supõem um empecilho para o crescimento econômico e a criação de postos de trabalho.
Istambul, na Turquia, viveu os protestos mais violentos. Homens da tropa de choque usaram gás lacrimogênio e ao menos seis pessoas ficaram feridas em um confronto. Os manifestantes tentavam ocupar uma praça no centro de Istambul. Segundo a polícia, os sindicatos não tinham permissão para estar na praça Taskim, onde pretendiam comemorar o Dia do Trabalho.
Em Hong Kong, grevistas do setor portuário ocuparam as ruas com carticaturas demoníacas de bilionários, como esta do empresário Victor Li, dono de uma companhia de infraestrutura na região. Os trabalhadores, que estão parados há 34 dias, pedem melhores salários e condições de trabalho.
Em Jacarta, na Indonésia, quem saiu às ruas no Dia do Trabalho viu homens vestidos de tradicionais dançarinos javaneses reivindicando a implementação do salário mínimo e melhores condições de trabalho. Além de, é claro, as tradicionais marchas de trabalhadores com bandeiras e faixas.