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Dezenas de vítimas de atentado são sepultadas no Afeganistão

Ataque a escola em Cabul provocou a morte de mais de 50 meninas; o governo do Afeganistão acusou o grupo Talibã pela explosão do carro-bomba que causou a tragédia

Cabul, no Afeganistão: vítimas de explosão de carro-bomba são sepultadas (Omar Sobhani/Reuters)
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AFP

Publicado em 9 de maio de 2021 às 09h54.

Dezenas de meninas foram enterradas neste domingo (9) em um cemitério localizado no topo de uma colina em Cabul, um dia após o ataque mais mortal em um ano, que teve como alvo uma escola.

Uma série de explosões ocorreu em frente a esta escola para meninas no momento em que os moradores faziam compras, matando mais de 50 pessoas, a maioria estudantes do ensino médio, e ferindo cerca de 100.

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Este ataque ocorreu no distrito Hazara de Dasht-e-Barchi, no oeste da capital afegã, habitada principalmente por xiitas hazaras.

O governo acusou o Talibã de estar por trás do massacre.

Os insurgentes, porém, negaram qualquer responsabilidade e emitiram um comunicado dizendo que a nação deveria "proteger e zelar pelas escolas".

As explosões ocorreram quando o exército americano continua retirando seus últimos 2.500 soldados ainda presentes em um país dilacerado por 20 anos de conflito e ainda atormentado pela violência.

No sábado, um carro-bomba explodiu em frente à escola Sayed Al-Shuhada e depois mais duas bombas explodiram enquanto as estudantes em pânico corriam para fora, explicou o porta-voz do ministério do Interior, Tareq Arian.

Este atentado ocorreu antes do feriado muçulmano de Eid al-Fitr, que marcará o fim do mês de jejum do Ramadã na próxima semana.

Neste domingo, parentes das vítimas começaram a enterrar os mortos no "cemitério dos mártires", onde repousam as vítimas dos ataques contra a comunidade hazara.

Os hazaras são xiitas e costumam ser alvos de grupos extremistas islâmicos sunitas.

Os sunitas constituem a maioria da população afegã.

Os caixões de madeira foram colocados nas sepulturas por pessoas ainda em estado de choque, observou um fotógrafo da AFP."Corri para o local (após as explosões) e me vi entre corpos, ossos quebrados e mãos e cabeças decepadas", contou Mohammad Taqi, um morador de Dasht-e-Barchi, cujas duas filhas, que estudam na escola-alvo, sobreviveram ao ataque.

"Todas essas pessoas eram meninas", lamentou.

Na semana passada, as alunas desta escola protestaram contra a falta de professores e material escolar, testemunhou Mirza Hussain, uma estudante do bairro. "Mas o que elas conseguiram foi um massacre", lamentou.

Esta manhã, no local do atentado, livros e mochilas das vítimas ainda estavam espalhados pelo chão.

O presidente afegão, Ashraf Ghani, acusou o Talibã de estar por trás do ataque.

"Este grupo de selvagens não tem capacidade para enfrentar as forças de segurança no campo de batalha, então atacam barbaramente prédios públicos e escolas de meninas", denunciou em um comunicado à imprensa.

O Talibã negou qualquer envolvimento, dizendo que não realiza ataques em Cabul desde fevereiro de 2020, quando assinou um acordo com os Estados Unidos abrindo caminho para negociações de paz e a retirada das últimas tropas americanas.

No entanto, os insurgentes seguem envolvidos em combates diários com as forças afegãs no interior do país.

O principal diplomata dos Estados Unidos em Cabul, Ross Wilson, chamou as explosões de sábado de "hediondas".

"Este ataque imperdoável contra crianças é um ataque ao futuro do Afeganistão, que não pode ser tolerado", disse Wilson no Twitter.

No mesmo bairro, em maio de 2020, um grupo de homens armados atacou uma maternidade apoiada pela organização Médicos Sem Fronteiras em plena luz do dia, matando 25 pessoas, incluindo 16 mães e recém-nascidos. Posteriormente, MSF decidiu encerrar o projeto.

Em 24 de outubro, um homem se explodiu em um centro de ensino particular no mesmo bairro, matando 18 pessoas, incluindo estudantes.

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