Violência: três franceses, seis britânicos e um austríaco foram condenados a penas que vão de um mês a dois anos de prisão (Jean-Paul Pelissier / Reuters)
Da Redação
Publicado em 13 de junho de 2016 às 20h52.
Paris - Dois dias depois da série de confrontos entre torcedores em Marselha, dez supostos hooligans suspeitos de participar das brigas de torcidas de Inglaterra e Rússia às vésperas do confronto entre as seleções pela Europa, no último sábado, foram julgados nesta segunda-feira pelo Tribunal Correcional da cidade, no sul da França.
Os confrontos, que chocaram pela violência, inclusive com enfrentamentos com tropas de choque da polícia, deixaram quatro pessoas feridas, uma em estado grave.
Três franceses, seis britânicos e um austríaco foram condenados a penas que vão de um mês a dois anos de prisão.
Os estrangeiros não poderão pisar na França até 2018. Dois dos ingleses, um enfermeiro e um cozinheiro, pediram desculpas durante a audiência e disseram que estavam fora de si depois da partida contra a Rússia.
"Eu peço desculpas aos habitantes e à polícia de Marselha. Eu estava no lugar errado na hora errada", afirmou Alexander, o chef cozinheiro, admitindo que estava embriagado e fora de si. "O que eu fiz não se parece comigo", reconheceu.
Segundo André Ribes, procurador do Ministério Público de Marselha encarregado do caso, o julgamento pode ter um caráter pedagógico, de forma que a violência entre as torcidas não volte a acontecer durante a Eurocopa.
"O objetivo é que esses incidentes não se reproduzam mais", reiterou.
O problema é que entre os dez torcedores presos, proibidos de frequentarem estádios ou expulsos do país por violência contra a polícia, não há russos.
Até aqui, a polícia da França não conseguiu identificar nenhum russo pelos incidentes, de forma que nenhum foi condenado pelas participações nos confrontos.
A situação provocou estranheza, já que havia cerca de 150 hooligans russos nas ruas de Marselha na sexta-feira, e eles foram acusados de terem provocado a maioria das brigas.
Os torcedores russos são considerados pelo Ministério Público como organizados e treinados para "guerrilha urbana". "Eles estão preparados para operações muito rápidas e muito violentas", argumentou Brice Robin, procurador da República.
As brigas tiveram início na sexta-feira e continuaram no sábado. Os torcedores tomaram o centro da cidade, lutando entre si e se jogando cadeiras e garrafas, além de enfrentar a polícia francesa.
No total, 20 pessoas foram presas. Mas nas redes sociais russos e ingleses se vangloriaram de ter conseguido fugir e prometeram causar mais confusão nos próximos dias.
Um total de 180 policiais de 23 países ajudam na força tarefa para combater o "hooliganismo" durante a Eurocopa, mas até aqui a busca dos agressores russos foi infrutífera.
O fato de estarem em liberdade preocupa as autoridades, já que na quarta-feira a Rússia enfrenta a Eslováquia na cidade de Lille, no norte da França, enquanto na quinta a Inglaterra enfrenta o País de Gales em Lens, a apenas 40 quilômetros de distância.
Não bastasse isso, as quatro torcidas são suspeitas de "hooliganismo".
Como medida preventiva, o Ministério do Interior proibiu a venda de bebidas alcoólicas em mercados, no dia dos jogos e na véspera.
O consumo de bebidas em plena rua também está proibido, mas essas medidas são muito limitadas e fáceis de contornar.
Por sua parte, a UEFA, organizadora do torneio, ameaçou as federações da Inglaterra e da Rússia de exclusão da Eurocopa caso a violência se repita.