Desnutrição e doenças estão aumentando na Coreia do Norte, dizem ONGs
A Coreia do Norte está enfrentando problemas com a colheita deste ano, o que tem prejudicado perincipalmente a população mais pobre do país
Reuters
Publicado em 18 de julho de 2019 às 10h09.
Seul — As taxas de desnutrição e de doenças estão aumentando na Coreia do Norte , que teve metade da colheita que esperava, alertaram as Federações Internacionais da Cruz Vermelha e as Sociedades do Crescente Vermelho (IFRC) nesta quinta-feira.
Agências humanitárias globais, assim como a mídia estatal norte-coreana, vêm alertando que problemas climáticos, que causam secas e inundações, e a falta de acesso a recursos podem provocar uma crise alimentar em um país sujeito a sanções internacionais rígidas devido à busca do líder Kim Jong Un por armas nucleares e mísseis balísticos.
"Já estamos vendo os impactos desta seca sobre pessoas vulneráveis", disse Mohamed Babiker, chefe do escritório do IFRC na Coreia do Norte, em um comunicado. "As taxas de desnutrição e de doenças transmitidas pela água, como diarreia e colite, estão em ascensão".
Depois que uma avaliação feita em maio concluiu que a colheita deste ano seria de menos da metade do que deveria ser, o IFRC gastou o equivalente a 253.787 dólares no envio de bombas de água portáteis, que conseguiram dobrar o rendimento das lavouras nas áreas visadas, disse a organização.
"Bombas de água e suprimentos de irrigação podem fazer uma diferença significativa", disse Babiker, pedindo 479.284 dólares adicionais para mais implementos agrícolas e de saneamento.
A Coreia do Norte aumentou a importação de fertilizantes e de produtos alimentícios no ano passado, de acordo com dados da indústria compilados pela Organização das Nações Unidas (ONU).
Mas o Centro de Estudos de Defesa Avançados (C4ADS), um centro de pesquisa sediado em Washington, documentou em um relatório divulgado nesta semana como a Coreia do Norte também continua importando milhões de dólares em bens de luxo, incluindo ao menos duas limusines blindadas avaliadas em 500 mil dólares cada.
A agência de inteligência da Coreia do Sul informou os parlamentares nesta quinta-feira que a seca abalou a economia norte-coreana, já presa de dificuldades como déficits comerciais crescentes, carência de moeda estrangeira e uma falta de fundos cada vez maior resultante das sanções.
As chuvas diminuíram em mais de 30% na Coreia do Norte neste ano na comparação com 2018, e há sinais de deterioração na situação alimentar, segundo Lee Eun-jae, um dos parlamentares informados pela agência de espionagem.
A Coreia do Sul disse que doará 4,5 milhões de dólares ao Programa Mundial de Alimentos das Nações Unidas (PMA) e que fornecerá 50 mil toneladas de arroz para serem entregues ao vizinho do norte.