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Deslizamentos na China veem do crescimento desenfreado

Segundo informações oficias, chuvas causaram a tragédia que já matou mais de 1100 pessoas no país

Os deslizamentos de barro deixaram mais de 1.700 mortos ou desaparecidos no noroeste da China (AFP/Str)

Os deslizamentos de barro deixaram mais de 1.700 mortos ou desaparecidos no noroeste da China (AFP/Str)

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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 04h11.

Pequim - Os deslizamentos de barro, que deixaram mais de 1.700 mortos ou desaparecidos no noroeste da China, são consequência de um desenvolvimento econômico desenfreado que fragilizou o meio ambiente e já não pode ser contido, afirmam os especialistas.

Os defensores do meio ambiente lançam regularmente advertências contra o desmatamento, a construção frenética de estradas ou de represas hidrelétricas, muitas vezes por iniciativa das autoridades locais.

A tragédia de Zhouqu, epicentro dos deslizamentos de terra na província de Gansu, "reflete os desafios e os riscos que o crescimento traz para regiões pobres", declarou à AFP Li Yan, encarregado do Greenpeace China para os temas vinculados à energia e à mudança climática.

"As autoridades locais estão sob pressão para eliminar a pobreza e desenvolver a economia, um processo durante o qual o meio ambiente se degrada", acrescentou o especialista.

As autoridades asseguram que os recentes deslizamentos de terra são uma catástrofe natural provocada pelas chuvas torrenciais, mas até os próprios meios de comunicação oficiais chineses se questionam sobre as responsabilidades humanas nesta tragédia, que causou 1.117 mortos e 627 desaparecidos.

"A construção de pequenas represas hidrelétricas, a exploração mineira e a construção de estradas afetaram gravemente o ecossistema e aumentaram os riscos de deslizamento de terras", assinala o jornal National Business Daily.

Há mais de mil represas hidrelétricas ao longo do rio Bailong, que cerca Zhouqu, segundo Zhang Qirong, diretor do departamento florestal local citado pelo jornal.


Depois de três décadas de industrialização, a China conta hoje com muitas das cidades e dos rios mais poluídos do mundo.

Consciente da degradação, o governo chinês se comprometeu a melhorar a eficácia energética e anunciou recentemente um plano de fechamento de 2.000 fábricas entre as mais poluentes do país.

Os deslizamentos de terras de Gansu se somam a outras calamidades do meio ambiente recentes, como a explosão de um tanque do terminal petroleiro de Dalian (nordeste) no mês passado, que provocou uma grave contaminação no Mar Amarelo.

Apesar do aumento do número de acidentes ecológico (oficialmente em alta de 98% no primeiro semestre deste ano), a China fez progressos importantes, afirmam os especialistas.

"Mas ainda há muito trabalho por fazer", considera Deborah Seligsohn, diretora do programa China do centro de pesquisas americano World Resources Institute.

Mesmo que seja difícil reduzir as emissões de gases de efeito estufa com um crescimento de mais de 10% anual, "as rendas aumentam e os chineses percebem que podem se permitir gastar mais para o meio ambiente, o que é um bom sinal", considera.

Mas é preciso ainda uma mudança de mentalidade. "Os dirigentes locais são recompensados quando atraem investimentos e optimizam o crescimento, isso é o que os motiva, enquanto que apenas são castigados quando um acidente (de meio ambiente) provoca uma tragédia com mortos", lamenta Patrick Chovanec, professor na Escola de Economia e Gestão Universidade Tsinghua em Pequim.

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