Deputados tentarão conter "Brexit duro" com emenda na lei de finanças
Se aprovada, o governo não poderá aumentar impostos e adotar medidas financeiras sem autorização do parlamento no caso de um Brexit sem acordo
EFE
Publicado em 8 de janeiro de 2019 às 11h31.
Londres - Um grupo de deputados britânicos tentará dificultar que o Reino Unido saia da União Europeia (UE) sem um acordo no próximo dia 29 de março com uma emenda ao projeto de lei de finanças, que será votado nesta terça-feira no parlamento.
A emenda a esta legislação, necessária para que entre em vigor o orçamento do Estado, foi impulsionada pela trabalhista Yvette Cooper e pela conservadora Nicky Morgan, e conta com apoio de parlamentares de vários partidos.
Se for aprovada, impediria o governo da primeira-ministra Theresa May de aumentar certos impostos e tomar outro tipo de medidas financeiras sem autorização do parlamento no caso de um Brexit sem acordo.
Com esta estratégia, que tem o efeito de complicar o processo, os deputados pretendem demonstrar ao Executivo conservador o grau de oposição que existe na Câmara dos Comuns a uma saída não negociada da UE, algo que não foi descartado por May.
Dado que a emenda é apoiada também por parlamentares conservadores, não se descarta que o governo finalmente aceite incorporá-la ao texto da lei, a fim de evitar uma embaraçosa derrota quando for votado hoje.
O ministro de Comércio Internacional, Liam Fox, opinou, no entanto, que "é irresponsável atar as mãos do governo neste momento" e disse que a emenda não impedirá que o Reino Unido abandone a UE sem pacto bilateral se for o caso.
May receberá hoje na sua residência oficial de Downing Street um grupo de mais de 200 deputados que lhe enviaram uma carta pedindo-lhe que descarte um Brexit "duro".
Além disso, a chefe do Executivo tem dado atenção especial a seus colegas conservadores e aos seus parceiros do norte-irlandês Partido Democrático Unionista (DUP), em outra tentativa de persuadir-lhes a apoiar o acordo de saída que pactuou com Bruxelas.
A expectativa é que o tratado seja votado nos Comuns no dia 15 de janeiro, depois de um debate parlamentar que começa amanhã e no qual se espera que May detalhe as melhorias ao texto que conseguiu com a UE.