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Demissão de Ministra do trabalho é mais uma derrota para Boris Johnson

Amber Rudd, fez uma série de declarações neste domingo, 8, que deixa o primeiro ministro britânico em situação desconfortável

Boris Johnson: ministra disse que não viu trabalho suficiente para tentar conseguir um acordo no Brexit (Dylan Martinez/Reuters)

Boris Johnson: ministra disse que não viu trabalho suficiente para tentar conseguir um acordo no Brexit (Dylan Martinez/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 8 de setembro de 2019 às 15h58.

Horas depois de anunciar que deixou o governo de Boris Johnson por causa da postura do primeiro-ministro em relação ao Brexit, como é chamada a saída do Reino Unido da União Europeia, a ministra do Trabalho e Previdência, Amber Rudd, fez uma série de declarações neste domingo, 8, que deixa Boris Johnson em situação desconfortável. "Não vi trabalho suficiente para tentar conseguir um acordo", argumentou.

Em entrevista na manhã de domingo à rede de televisão britânica BBC, ela acrescentou não houve "negociações formais" com o bloco comum, apenas "conversas". A agora ex-ministra detalhou ainda que até 90% do tempo do governo foi gasto na preparação de uma opção "inferior" de não acordo do Brexit.

Durante o programa Andrew Marr, ela pediu que Johnson cumprisse a lei e enfatizou que sua renúncia foi "uma decisão difícil". Ao Sunday Times, Amber disse que vai avaliar como atuará e que deve permanecer como uma conservadora independente caso haja uma eleição.

A afirmação sobre o empenho em relação à busca de um consenso coloca o premiê, que vem colecionando uma sucessão de derrotas no Parlamento e dentro de sua administração, ainda mais na berlinda. Em sessão no Legislativo na semana anterior, ele acusou os deputados de estarem atrapalhando as negociações do governo com a UE - por quererem bloquear um Brexit sem acordo - que estavam em andamento.

Segundo Jonhson, as conversações estavam avançando a ponto de ele dizer que estava confiante na chegada de um consenso entre as partes.

Além do cargo no governo, Amber também assumia o papel de um dos "chicotes" (whips) - como são chamados os deputados encarregados de assegurar que o número máximo de membros de seu partido vote e, de preferência, como a legenda quer - do Partido Conservador.

Esses deputados foram acusados de pressionar e ameaçar deputados do partido que se contrapusessem às orientações do comando da legenda. Depois disso, 21 congressistas que votaram contra o governo sobre o projeto de lei para bloquear o Brexit sem acordo foram expulsos.

Downing Street anunciou que a ministra do Meio Ambiente, Therese Coffey, substituirá Amber. Um porta-voz do N° 10, endereço oficial do governo, acrescentou que "todos os ministros que ingressaram na administração de Johnson se comprometeram a deixar a UE em 31 de outubro, aconteça o que acontecer".

O ministro das Finanças, o chanceler Sajid Javid, disse que ficou "triste" com a demissão. Também à BBC, ele afirmou que não concorda que o governo não esteja se esforçando seriamente para conseguir um novo acordo com a UE. O Partido Trabalhista, da oposição, avaliou que a renúncia de Amber mostra que o governo estava "desmoronando".

Há três dias, o irmão do premiê, Jo Johnson, que era ministro das Universidades desde julho, também informou sobre seu afastamento do governo. Ele anunciou ainda que deixaria de ser deputado na Câmara dos Comuns, o equivalente à Câmara dos Deputados brasileira.

"Nas últimas semanas estive dividido entre a lealdade familiar e o interesse nacional: é uma tensão insolúvel e é hora de outros assumirem meus papéis de ministro e deputado", escreveu em sua conta no Twitter.

O esfarelamento do governo se dá em um momento em que Boris Johnson considera desafiar uma nova lei que o forçará a procurar uma extensão do prazo do Brexit se ele não conseguir a aprovação do Parlamento sobre um acordo de saída da UE até 19 de outubro.

Por causa de interpretação da lei, o premiê, conforme veiculam jornais britânicos hoje, pensa em sua sabotagem. Um grupo de congressistas parlamentares já se articula, como registrou ontem o Broadcast, para levar o caso aos tribunais, se isso de fato ocorrer.

Há possibilidade, inclusive, de o primeiro-ministro, no limite, ser preso. Na próxima segunda-feira, 09, ele deve insistir no Congresso sobre a realização de novas eleições e, para isso, precisará do aval de dois terços dos 650 parlamentares. Na semana passada, ele fracassou nessa tentativa.

Em artigo ao Mail Sunday e Sunday Express, enfatizou que na segunda-feira oferecerá ao líder trabalhista Jeremy Corbyn, principal peça da oposição, "uma última chance" de concordar com uma eleição antecipada. Se Corbyn se recusar, segundo ele, "esse governo simplesmente continuará". Também no artigo reforçou que trabalharia "incansavelmente" por um acordo, mas que o governo ainda se preparara para deixar a UE em 31 de outubro "aconteça o que acontecer".

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