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De Paris a Londres: sem bala de prata para crises profundas

Países vivem crises social e política em meio à insatisfação de seus cidadãos com os rumos da economia

Theresa May: primeira-ministra britânica enfrenta maior desafio do governo (Henry Nicholls/Reuters)
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Da Redação

Publicado em 11 de dezembro de 2018 às 06h52.

Separados por um canal, França e Reino Unido terão uma terça-feira de intensos debates e negociações sobre o futuro de seus governos. A situação mais tensa está no vizinho do norte, que deveria levar hoje ao Parlamento a votação do Brexit, o desembarque da União Europeia.

Mas a primeira-ministra, Theresa May , adiou a votação após ser alertada de que sofreria uma avassaladora derrota que poderia fazer com que sua permanência na cargo ficasse insustentável. Os próximos dias serão cruciais para a conservadora mostrar que ainda é capaz de costurar um acordo de saída do bloco europeu até a data-limite, março.

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O maior impasse está na fronteira entre a Irlanda e a Irlanda do Norte, um ponto físico de 500 quilômetros a separar o Reino Unido da Europa. O plano apresentado prevê manter a Irlanda do Norte, parte do Reino Unido, nas regras aduaneiras da União Europeia.

May pretende agora participar de um fórum europeu na próxima quinta-feira que lhe permita discutir ajustes num plano tido por britânicos apoiadores do Brexit como generoso de mais com a Europa. Seus opositores, por sua vez, insitem na necessidade de começar tudo do zero, ou até de fazer um novo referendo popular para rediscutir a necessidade de deixar a União Europeia. Qualquer dos dois lados pode iniciar um processo que leve à sua saída. Ontem, a Corte Europeia de Justiça decidiu que o país pode mudar de ideia e ficar na Europa.

Enquanto isso, a França vive uma grande crise social com contornos similares aos que fizeram a classe média britânica votar pela saída da União Europeia. Ontem, o presidente Emmanuel Macron prometeu aumentar em 100 euros o salário mínimo para conter uma onda de protestos que já dura um mês. O presidente, eleito com promessas de cortes de gastos, redução de impostos sobre fortunas e de aumento da eficiência do estado e do setor privado francês, afirmou que buscará uma França onde todos possam "viver dignamente de seu trabalho".

Dos dois lados do Canal da Mancha, os cidadãos e os governos estão descobrindo que não há bala de prata para fazer seus países voltarem a crescer de forma sustentável e inclusiva. Macron ainda tem mais de dois anos de governo pela frente. O futuro de May depende das negociações das próximas horas.

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