De luto por Las Vegas, EUA investiga motivação de agressor
O presidente Donald Trump qualificou Stephen Paddock, autor do massacre que deixou 59 mortos e quase 530 feridos, de "doente" e "louco"
AFP
Publicado em 3 de outubro de 2017 às 22h26.
Os Estados Unidos choravam nesta terça-feira as dezenas de vítimas do pior massacre em sua história recente, enquanto as autoridades investigam o que motivou um contador aposentado de 64 anos a disparar contra milhares de pessoas em Las Vegas .
O presidente Donald Trump qualificou Stephen Paddock, autor do massacre que deixou 59 mortos e quase 530 feridos, de "doente" e "louco", enquanto o comissário da cidade, Joseph Lombardo, o chamou de "lobo solitário" e "psicopata".
Para além dos diagnósticos, os investigadores querem entender como este americano branco sem antecedentes criminais acabou com um vasto arsenal com o qual abriu fogo no domingo de um quarto de hotel no 32º andar contra um festival de música country ao ar livre.
Inúmeras vigílias foram realizadas em solidariedade às vítimas em Las Vegas, enquanto a lista com os nomes das vítimas era divulgada na imprensa: uma professora da pré-escola que casou com seu amor de infância, uma enfermeira, uma líder de torcida, um policial, entre outros.
"Identificamos todas (as vítimas), menos três", disse Lombardo a jornalistas.
Sem silenciador
O massacre também abriu o debate sobre a necessidade de endurecer o controle da posse de armas de fogo, algo que Trump e muitos líderes republicanos se opõem fervorosamente.
"A polícia fez um extraordinário trabalho e falaremos das leis de armas à medida que o tempo passar", disse Trump a jornalistas antes de viajar a Porto Rico para se reunir com os danificados pelo furacão Maria.
Espera-se que o presidente visite Las Vegas na quarta-feira.
O presidente da Câmara de Representantes, Paul Ryan, informou que um projeto de lei que facilitaria a compra de silenciadores para armas de fogo foi retirado da agenda de debates.
Anteriormente, Trump havia assinalado no Twitter que muitos sobreviveram devido ao barulho dos disparos: "imaginem as mortes se o atirador tivesse usado um silenciador".
As autoridades continuam analisando com cuidado a reivindicação feita na segunda-feira pelo grupo extremista Estado Islâmico (EI) sobre o ataque de Paddock, a quem definiu como "um soldado do califado".
O FBI descartou qualquer conexão com o grupo, enquanto especialistas concordavam de que se trata de uma estratégia da organização para recrutar pessoas em momentos de muita pressão militar no Iraque e na Síria.
"Não tenho ideia", disse Trump sobre um eventual vínculo entre o atirador e a organização extremista.
Vizinho de "lunático"
A polícia disse que Paddock quebrou a janela de seu quarto no hotel cassino Mandalay Bay, provavelmente com um martelo, pouco depois das 22h00 de domingo (02h00 de Brasília de segunda-feira) para disparar durante nove minutos com armas automáticas contra as milhares de pessoas que estavam no show de Jason Aldean.
Em gravações amadoras pode-se ouvir as rajadas enquanto as pessoas gritam e se protegem sem saber de onde vêm as balas.
"Vimos pessoas no chão, não sabíamos se tinham caído ou se estavam feridas", contou à AFP um dos sobreviventes, Ralph Rodríguez. "As pessoas não só se agarravam aos seus entes queridos como também a qualquer estranho".
Lombardo indicou que Paddock disparou contra a porta de seu quarto, ferindo um segurança na perna.
No quarto foram encontradas 23 armas de fogo, incluindo diversas automáticas, e câmeras de vídeo que são analisadas pelo FBI. Cerca de 67 vídeos de segurança também estão sendo verificados.
Em sua casa na cidade de Mesquite, a 130 quilômetros de Las Vegas, a polícia encontrou outras 19 armas de fogo, vários quilos de explosivos e muita munição. Em seu veículo encontraram nitrato de amônio e um fertilizante que combinado com derivados do petróleo é usado como um forte explosivo.
"Não me dei conta até que comecei a ver nos noticiários que este lunático morava aqui mesmo", disse um vizinho, Rod Sweningson, cuja casa fica a poucos metros da de Paddock.
"Obviamente premeditado"
Lombardo disse que estão "rastreando e seguindo cada pista" do histórico de Paddock para tentar entender o que aconteceu.
"Foi obviamente premeditado. O fato de ter tudo isso em sua casa mostra o planejamento. E estou certo de que avaliou cada passo de suas ações, o que é preocupante", indicou Lombardo.
Seu irmão, Eric Paddock, disse na segunda-feira que "era um cara normal", que gostava de apostar e "não era ávido por (usar) pistolas".
O pai dos dois esteve na lista dos mais procurados por roubo a bancos nos anos 1960. Mas Stephen não tinha antecedentes criminais nem histórico de doenças neurológicas, disse.
Nesta terça-feira foi revelado que a "companheira regular" de Paddock, Marilou Danley, é uma avó australiana. Danley foi interrogada pela polícia, embora rapidamente tenham descartado a sua participação no massacre.