COLETIVA DE TRUMP: o presidente eleito se reuniu com reporters em Nova York para discutir os assuntos mais proeminentes do governo / Spencer Platt/Getty Images
Da Redação
Publicado em 11 de janeiro de 2017 às 17h54.
Última atualização em 23 de junho de 2017 às 19h27.
O presidente eleito Donald Trump concedeu a primeira entrevista coletiva em seis meses para tratar das polêmicas que cercam o governo que começará na próxima sexta-feira. Os repórteres foram recebidos pelo vice-presidente eleito, Mike Pence, que afirmou que “a liberdade de imprensa vem acompanhada da responsabilidade”. Era um recado aos veículos que divulgaram mais cedo um relatório de 35 páginas contendo acusações não confirmadas de que Trump estava há anos envolvido com o governo da Rússia.
Trump abordou os assuntos mais iminentes sobre a tomada do governo, mas deixou mais dúvidas no ar do que respostas. Diante de acusações de conflitos de interesses com o gabinete de governo, disse que é “um dos times mais competentes já reunidos” e que ele deve anunciar “grandes notícias” nas próximas semanas sobre companhias que querem construir fábricas no país. Confira outros pontos importantes da coletiva:
Hackers e Rússia
Trump admitiu, pela primeira vez em público, que muito provavelmente a Rússia havia hackeado as eleições, embora pouco depois tenha dito que outros países, como a China, poderiam ser responsáveis também. Sobre sua relação com o presidente russo, Vladimir Putin, Trump fez pouco caso. “Se Putin gosta de Donald Trump, adivinhem: isso é um ativo, não um problema”, disse. Ele também disse que, depois de 90 dias de seu governo, as agências de inteligência devem apresentar um relatório completo sobre o estado da segurança digital dos Estados Unidos e o escândalo de hacking nas eleições.
Conflito de interesses
Quando questionado sobre o conflito de interesses entre seus negócios particulares e a Presidência, Trump afirmou que poderia muito bem levar ambos os trabalhos ao mesmo tempo sem incorrer em conflitos. Depois chamou sua advogada, Sheri Dillon, para informar que a organização será gestada por um truste, comandado por seus dois filhos, Donald Trump Jr. e Eric Trump, e que Trump não terá nenhum tipo de envolvimento direto com a companhia. No final da coletiva, ele disse que, caso seus filhos falhassem em administrar a companhia, ele diria “vocês estão demitidos”, em alusão ao programa de TV O Aprendiz.
Imposto de renda
Trump também foi questionado sobre os detalhes de seu imposto de renda, que “continua em auditoria”. Segundo o presidente eleito, as únicas pessoas que têm interesse na divulgação dessas informações são os jornalistas. Para ele, o fato de ter ganhado a eleição mostra que o público não liga para isso.
Obamacare
O presidente eleito chamou o programa de saúde criado por Barack Obama de “completo desastre”. Para ele, seu governo deveria deixar o programa implodir sozinho e legar a bomba para os democratas, mas “decidiu tomar uma atitude mais correta”. Ele reiterou o intuito republicano de repelir o programa, um dos principais legados de Obama. “Nós colocaremos um plano novo e melhor no lugar. Ao mesmo tempo que repelimos o Obamacare, vamos implementar um programa mais barato e funcional”, afirmou.
Muro com o México
Trump afirmou que o muro será uma das prioridades do governo. Nas últimas semanas, discutiu-se na imprensa quem pagaria pela construção, já que a proposta do presidente eleito seria que o México pagasse. “Eu não quero ter de esperar um ano ou um ano e meio até que um acordo com o México seja realizado. Pagaremos pelo muro e depois seremos ressarcidos pelos mexicanos”, afirmou. Trump disse que o México tem tirado vantagem de sua relação com os Estados Unidos, mas afirmou que “ama” os mexicanos e “eles são ótimas pessoas”.