De carros a alimentos congelados: americanos estocam bens antes de possíveis tarifas de Trump
As propostas do republicano, ainda sem cronograma definido, podem impactar preços em diversas categorias
Redator na Exame
Publicado em 18 de novembro de 2024 às 12h36.
As propostas do presidente eleito Donald Trump para tarifas de até 60% sobre importações da China e 10% a 20% de outros países têm levado consumidores e pequenas empresas nos Estados Unidos a estocar bens para evitar futuros aumentos de preços.Entre os itens mais procurados estão carros, produtos de higiene, alimentos congelados e até materiais para negócios, em uma tentativa de se preparar para um cenário econômico incerto. A reportagem é da Business Insider.
Kristen Hull, contadora de 38 anos, decidiu antecipar a compra de um carro temendo que os custos subam em seis meses. Além disso, está considerando adquirir um novo laptop e roupas de inverno. "Estou preocupada com os custos. Achei melhor agir agora antes que fique fora do meu orçamento", afirmou.
As propostas de Trump, ainda sem cronograma definido, podem impactar preços em diversas categorias. Segundo analistas, empresas como AutoZone e Columbia Sportswear já indicaram que repassarão custos adicionais para os consumidores, caso as tarifas sejam implementadas.
Marissa Garcia, 38 anos, também começou a estocar alimentos como frutas e vegetais congelados, alho e café, além de produtos de higiene como máscaras e álcool em gel. Apesar das dificuldades financeiras, Garcia vê os estoques como uma forma de mitigar os impactos futuros.Segundo estimativas, as tarifas podem custar até US$ 1.500 (R$ 8.715) por ano para cada família americana e aumentar a inflação em 0,4 pontos percentuais até 2025.
Impacto em pequenos negócios
Pequenas empresas também estão tomando medidas preventivas. Beatrice Barba, dona de um negócio de copos ecológicos, considera investir até US$ 200 mil (R$ 1,162 milhão) para estocar materiais importados da China e evitar futuros aumentos. Lisa Evans, proprietária de um salão de beleza na Flórida, está revisando suas fontes de produtos, preocupada com o aumento nos custos de extensões capilares e tinturas de cabelo, muitas vezes fabricadas com materiais estrangeiros.
O impacto vai além dos consumidores e empresários.Segundo Jonathan Gold, vice-presidente da Federação Nacional de Varejo, "o escopo das tarifas propostas afetará tudo, e as empresas não conseguem absorver esses custos sozinhas. Isso inevitavelmente será repassado aos consumidores".
Javon Ford, químico de 30 anos, planeja estocar pigmentos de cor para cosméticos, mas admite que é impossível prever todas as necessidades futuras. "As tarifas podem ser um obstáculo ao fornecimento de matérias-primas, então estou tentando me antecipar ao máximo", explicou.
Para muitos, o momento é de planejamento e cautela. Hull, que recentemente comprou um carro, agora foca em reforçar sua poupança. "É basicamente esperar para ver o que acontece e tentar estar preparada para o pior cenário possível", concluiu.