Painel em Davos do Fórum Econômico Mundial: potências mostram suas prioridades (Moritz Hager/World Economic Forum)
Da Redação
Publicado em 28 de janeiro de 2011 às 17h21.
Davos, Suíça - Europa e EUA apresentaram nesta sexta-feira no Fórum Econômico de Davos diferentes prioridades em suas estratégias políticas e econômicas para não frear seus respectivos crescimentos, ainda acompanhados de incertezas.
Enquanto a Europa parece estar unida no objetivo de reduzir o elevado endividamento público, que fez com que os mercados penalizassem a dívida soberana dos países periféricos, os EUA apostam em impulsionar seu atual crescimento sem reduzir a despesa.
A chanceler alemã, Angela Merkel, saiu em defesa do euro e, ao contrário do que fez no ano passado, quando a União Europeia (UE) precisou resgatar a Grécia, mostrou a disposição da Alemanha de se solidarizar com os países que atravessam dificuldades, mas com condições.
Merkel rejeitou a ideia de que exista uma crise do euro, mas reconheceu que a zona do euro atravessa uma crise de endividamento.
Em seu discurso no Fórum Econômico de Davos, Merkel disse que "se o euro fracassar, fracassa a Europa".
A governante alemã lembrou os atuais movimentos especulativos contra o euro e insistiu que estes estão baseados em oportunidades realistas que se apoiam no elevado endividamento de alguns países da zona do euro.
O primeiro-ministro do Reino Unido, David Cameron, também disse que a prioridade econômica da União Europeia (UE) é "acabar com o fantasma das maciças dívidas soberanas" e impulsionar o crescimento econômico.
Cameron quis dar uma mensagem de otimismo e confiança para a economia europeia contra o atual pessimismo dos mercados financeiros e as críticas dos céticos.
"A dívida governamental média na UE é de quase 80% do Produto Interno Bruto (PIB)", lembrou Cameron.
Alguns países europeus pediram empréstimos neste ano no valor de 5%, 6% e 7% do PIB, e no caso do Reino Unido de até 10%, algo que o primeiro-ministro qualificou de "insustentável".
Cameron apostou na economia e no investimento para que a economia do Reino Unido, que se contraiu 0,5% no último trimestre de 2010, volte a crescer.
"Uma economia que não se baseie no consumo e na dívida, mas na economia e no investimento; que não se baseie no gasto público, mas no dinamismo empresarial; que não se baseie em uma indústria em um cantinho do país, mas em todos os nossos negócios, em todas as nossas regiões com um nova ênfase nas indústrias, exportações e comércio", é a receita econômica proposta por Cameron para o Reino Unido.
Acrescentou que "conseguir isto não vai ser fácil" e que a recuperação econômica do Reino Unido levará tempo e trabalho até que surtam efeitos.
Os EUA, que sofrem de um imenso déficit fiscal e lutam contra um desemprego de 10%, observam que sua economia registra uma expansão sustentável, mas que ainda não é alta.
O secretário do Tesouro americano, Timothy Geithner, disse que a confiança na maior economia do mundo está crescendo, mas descartou que o desemprego seja reduzido rapidamente.
Por sua vez, Geithner assegurou que existe um reconhecimento de que a posição fiscal dos EUA é "insustentável" e que o Governo de Barack Obama tem capacidade política para fazer frente ao problema em breve.
Geithner rejeitou as pressões para que os EUA reduzam suas despesas, argumentado que isso enfraqueceria a reação da economia, que cresceu 3,2% no quarto trimestre do ano passado.
Um corte drástico e rápido na despesa não seria uma forma responsável de reduzir o elevado déficit fiscal dos EUA, segundo o secretário do Tesouro.
Geithner é o primeiro-secretário do Tesouro americano a participar do Fórum de Davos nos últimos 11 anos, em um momento em que os EUA foi muito criticado por seu imenso déficit fiscal, que alcançará em 2011 o número recorde de US$ 1,5 trilhão, 9,8% de seu Produto Interno Bruto (PIB).