Mundo

Em Davos, empresários alertam que regulação pode afetar retomada

Davos  - Líderes empresariais alertaram os governos ocidentais nesta quarta-feira de que sanções severas sobre a indústria financeira podem dificultar a recuperação da pior recessão desde os anos 1930. A resposta preocupada aos planos do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, de taxar e restringir grandes bancos e à ofensiva da Grã-Bretanha sobre pagamentos de […]

EXAME.com (EXAME.com)

EXAME.com (EXAME.com)

DR

Da Redação

Publicado em 26 de janeiro de 2011 às 12h20.

Davos  - Líderes empresariais alertaram os governos ocidentais nesta quarta-feira de que sanções severas sobre a indústria financeira podem dificultar a recuperação da pior recessão desde os anos 1930.

A resposta preocupada aos planos do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, de taxar e restringir grandes bancos e à ofensiva da Grã-Bretanha sobre pagamentos de banqueiros, se deu no encontro de cerca de 2.500 líderes empresariais e autoridades econômicas no Fórum Econômico Mundial, em Davos.

Pesquisas realizadas para a conferência anual mostraram confiança econômica global em alta após a depressão de 2009 e um retorno cauteloso à criação de empregos, especialmente nos mercados emergentes.

Mas a sombra de uma regulação pesada e da intervenção governamental paira sobre o horizonte de muitos líderes empresariais. Incertezas sobre se a China vai reter seu rapido ritmo de crescimento e preocupacoes sobre como a Grecia vai lidar com a sua crise de divida tambem pesam.

Obama sacudiu os mercados na semana passada com propostas de fazer os bancos comerciais cortarem ligações com hedge funds e fundos de private equity e pararem com algumas operações de tesouraria ("proprietary trading"), além de pagarem pelo auxílio governamental recebido durante a crise.


"Seria infeliz se as futuras reformas regulatórias se baseassem em uma mensagem populista", disse Dennis Nally, presidente global da PricewaterhouseCoopers (PwC).

O presidente do Barclays, Bob Diamond, desafiou os esforços de Obama para limitar o tamanho dos grandes bancos e restringir a exposição a risco, dizendo na sessão de abertura do fórum: "Eu não vi nenhuma prova que sugira que encolher os bancos e fazer todos os bancos menores ou mais limitados seja a resposta".

"Se você der um passo para trás e afirmar que grande é ruim, e passarmos a um setor bancário menor, o impacto disso sobre os bancos e sobre o comércio global, sobre a economia global, seria muito negativo", acrescentou.

O presidente-executivo do banco Standard Chartered, Peter Sands, afirmou que há um risco crescente de que iniciativas regulatórios fragmentadas possam "criar quantidade enorme de complexidade" e encorajar companhias financeiras a arbitrar entre os diferentes reguladores.

RETOMADA DA CONFIANÇA

Um estudo da PwC mostrou que a confiança empresarial está em recuperação após a maior queda da atividade econômica desde a Segunda Guerra Mundial, levando mais líderes industriais a voltar a contratar.


A pesquisa com 1.200 presidentes-executivos em 52 países mostrou que 39 por cento pretendem contratar mais funcionários em 2010, enquanto 25 por cento planejam mais cortes de postos de trabalho. No ano passado, quase a metade deles pretendiacortar empregos.

Mas a criação de emprego será moderada e acontecerá mais nas economias emergentes, como China e Índia, que no mundo desenvolvido, acrescentou o relatório.

As restrições propostas por Obama sobre Wall Street ganharam apoio cauteloso de governos europeus, mas podem complicar os esforços para construir um consenso global em regulação financeira no âmbito do G20.

O presidente do Banco Central Europeu (BCE), Jean-Claude Trichet, amenizou as diferenças com os EUA, dizendo ao Wall Street Journal que as reformas propostas pelo presidente norte-americano são "relevantes e interessantes" e que têm os mesmos objetivos que as medidas europeias.

"Elas vão na mesma direção da nossa própria posição, que é de assegurar que o setor bancário se concentre em financiar a economia real, que é seu papel fundamental", disse. Mas Trichet pediu coordenação internacional para evitar a criação de buracos no sistema financeiro internacional.

O presidente francês, Nicolas Sarkozy, campeão de regulação e política industrial estatal e que exigiu a "moralização do capitalismo", ainda deve falar sobre o assunto.

O economista norte-americano Nouriel Roubini, que alertou sobre o surgimento da crise de 2008, disse que a política monetária afrouxada está alimentando bolhas de ativos que causariam a próxima crise.


"Isso se tornou muito grande, muito rápido... e a política monetária dos Estados Unidos está sendo exportada para o resto do mundo", disse Roubini em uma sessão do fórum.

Em contraposição a muitos empresários, ele disse que não está preocupado com o excesso de regulação mas com um retorno das condições normais de negócios.

Jonathan Nelson, diretor-gerente da empresa norte-americana de private equity Providence Equity Partners, pediu ao governo e ao setor financeiro que parem de se acusar.

"Nós precisamos sair do jogo de acusações. Todos nós temos responsabilidade sobre o que aconteceu aqui... Houve a concessão de credito descuidada, houve a tomada de empréstimos descuidada também, tudo diante de um pano de fundo de políticas públicas que tornaram isso desejável", afirmou.

Alguns dos principais banqueiros, como o presidente-executivo do Goldman Sachs, Lloyd Blankfein, e do JPMorgan, Jamie Dimon, não vão participar do fórum neste ano.

Mas os presdientes de dois grandes bancos dos EUA socorridos durante a crise --Vikram Pandit do Citigroup e Brian Moynihan do Bank of America-- devem comparecer.

Acompanhe tudo sobre:Crises em empresasDavosDesenvolvimento econômico

Mais de Mundo

Trump nomeia apresentador da Fox News como secretário de defesa

Milei conversa com Trump pela 1ª vez após eleição nos EUA

Juiz de Nova York adia em 1 semana decisão sobre anulação da condenação de Trump

Parlamento russo aprova lei que proíbe 'propaganda' de estilo de vida sem filhos