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Cristina Kirchner pode ter conflitos com Brasil no novo mandato

Presidente também tem como grande desafio combater a inflação na Argentina

Dilma Rousseff e Cristina Kirchner: Brasil e Argentina terão que resolver disputas comerciais (Alejandro Pagni/AFP)

Dilma Rousseff e Cristina Kirchner: Brasil e Argentina terão que resolver disputas comerciais (Alejandro Pagni/AFP)

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Da Redação

Publicado em 24 de outubro de 2011 às 14h23.

Buenos Aires - A ameaça de altos índices de inflação e conflitos comerciais com o Brasil são atualmente os problemas prioritários da presidente da Argentina, Cristina Kirchner, reeleita no domingo com uma avalanche de votos.

A estes fatores se soma uma economia 'requentada' por incentivos ao consumo interno, pressões sobre a taxa de câmbio e uma tendência de baixa do superávit comercial no contexto da crise que afeta os Estados Unidos e países da União Europeia.

Enquanto a União Industrial Argentina, o maior sindicato patronal do país, mostra seu apoio à reeleição de Cristina e pede para aprofundar o processo de 're-industrialização' local, a governante reconheceu a relação estratégica 'vital' com o Brasil e aposta em reforçar a integração regional para enfrentar a crise externa.

Tanto a presidente quanto seus principais colaboradores mostraram a intenção de incentivar pactos entre sindicatos e empresas que moderem a disputa pela renda, um dos fatores que impulsionam a alta do custo de vida.

Fontes oficiais deixaram transparecer a intenção de reduzir os subsídios milionários ao consumo, especialmente os destinados às tarifas de energia, sem afetar as camadas mais baixas da população.

A economia da Argentina tem forte crescimento há 8 anos, mas desde 2007 o custo de vida disparou a taxas de 20 a 25% anuais, de acordo com cálculos privados que quase triplicam os números oficiais e afirmam que o país tem um dos maiores índices de inflação da América Latina.

Enquanto as previsões pós-eleitorais se multiplicam, a Argentina terá na próxima quarta-feira uma reunião de ministros de Economia e Finanças da União de Nações Sul-Americanas (Unasul) para discutir medidas de proteção regional.

Segundo fontes oficiais argentinas, a reunião, a segunda deste tipo que a Unasul realiza em Buenos Aires, foi convocada por consenso entre Amado Boudou, eleito vice-presidente argentino e ministro da Economia, e seu colega brasileiro, Guido Mantega.

Assim que Cristina começar seu segundo mandato, em 10 de dezembro, Boudou passará a ser presidente do Senado. Os dirigentes que aparecem como candidatos a sucedê-lo têm um perfil 'pragmático' semelhante ao seu.


A Argentina, que exporta ao Brasil a maior parte de sua produção de automóveis e outras manufaturas industriais, terá problemas se o crescimento brasileiro cair, dizem os analistas, que vislumbram novos conflitos comerciais entre os países, parceiros do Paraguai e Uruguai no Mercosul.

O assunto é motivo de permanentes consultas entre os Governos. Enquanto se repetem as queixas de empresários brasileiros por impedimentos a seus produtos, algumas indústrias argentinas pedem para não perder a proteção.

A Argentina e o Brasil, países em desenvolvimento que fazem parte do G20 junto com grandes potências, têm acordos comerciais e de assistência mútua vigentes e que são mostrados como exemplo na Unasul para proteger a América do Sul.

A empresa de consultoria Ecolatina previu que neste ano a Argentina sofrerá uma fuga de capitais superior a US$ 22 bilhões, nível que pode causar uma 'abrupta desaceleração' da economia no próximo ano se a crise dos americanos e europeus piorar.

Há uma certa incerteza sobre a evolução das reservas monetárias e pelo tratamento dos vencimentos da dívida pública argentina por um total de US$ 13,23 bilhões no próximo ano.

Para pagar parte dessas dívidas, o orçamento oficial de 2012, em estudo no Parlamento, fixa o uso de reservas monetárias 'de livre disponibilidade' (o excedente do necessário para cobrir o dinheiro em circulação) por US$ 5,674 bilhões, quando as divisas nessa condição oscilam em US$ 2,7 bilhões.

A pauta orçamentária ressalta que 60% dos compromissos do próximo ano serão com a Administração Nacional da Seguridade Social e outros organismos públicos capazes de refinanciar dívidas sem inconvenientes.

A ministra argentina de Indústria, Débora Giorgi, uma das candidatas a assumir o Ministério de Economia, disse que 'trabalha em conjunto' com o Brasil e também advertiu às empresas argentinas que impedirá altas injustificadas de preços. EFE

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