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Cristina Kirchner acusa governo de armar "operação" para destruí-la

Kirchner foi intimada a prestar depoimento nesta manhã pela terceira vez na condição de acusada no chamado "caso dos cadernos"

A ex-presidente da Argentina, Cristina Kirchner (Amilcar Orfali/Getty Images)

A ex-presidente da Argentina, Cristina Kirchner (Amilcar Orfali/Getty Images)

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EFE

Publicado em 25 de fevereiro de 2019 às 09h59.

Última atualização em 25 de fevereiro de 2019 às 10h02.

Buenos Aires - A ex-presidente da Argentina, Cristina Kirchner, que nesta segunda-feira deve voltar aos tribunais para depor em um caso no qual é investigada por corrupção, acusou hoje o governo e a Justiça do país de serem a "verdadeira formação de quadrilha" da qual a ela é acusada e de "armar casos" para "operações" de "destruição de opositores".

"A única e verdadeira formação de quadrilha são eles... Que não só armam casos para fazer operações políticas de estigmatização e destruição de opositores, mas arrecadam dinheiro em divisa estrangeira pedindo propina a empresários e acusados", escreveu nas redes sociais a ex-governante.

A viúva do ex-presidente Néstor Kirchner, que hoje completaria 68 anos, foi intimada a prestar depoimento nesta manhã pela terceira vez na condição de acusada no chamado "caso dos cadernos", no qual as autoridades investigam supostos pagamentos de propina de empresários a funcionários do alto escalão do governo durante os mandatos dos Kirchner.

Cristina também é investigada em outros expedientes dirigidos pelo juiz Claudio Bonadio e derivados desse caso.

"Hoje, 25 de fevereiro, Néstor faria aniversário e eu deveria estar em Río Gallegos (cidade natal de Kirchner), como sempre", disse a atual senadora - que tem foro privilegiado e não pode ser detida - no Twitter.

Cristina criticou o fato de o juiz Bonadio ter ordenado buscas nos escritórios de seu filho Máximo em 2015 no dia do aniversário de seu neto e, no ano passado, ter feito o mesmo com sua própria residência durante o aniversário de sua outra neta, filha de Florencia Kirchner.

"Este ano, (o juiz) escolheu o aniversário de Néstor para me intimar em seu tribunal. O motivo? Prestar declarações indagativas múltiplas e simultâneas em oito supostas 'investigações judiciais', numa espécie de função cinematográfica contínua", afirmou a ex-chefe de Estado, processada por Bonadio em vários casos por corrupção e que foi alvo de duas ordens de detenção que não se tornaram efetivas porque ela tem foro privilegiado.

Para a senadora, com o caso dos cadernos o magistrado pretende torná-la responsável "mais uma vez" da mesma "suposta formação de quadrilha" pela qual já está sendo investigada em outra corte e perante dois tribunais orais.

"Algo inédito e inexplicável que só pode ser compreendido dentro de um esquema de perseguição e crueldade que apenas governos totalitários se atreveram a fazer em tempos em que o Estado de Direito estava suspenso", acrescentou Cristina.

"No entanto, devo reconhecer que, em termos cinematográficos, este filme mereceria um Oscar por sua originalidade. O roteiro é do promotor Carlos Stornelli e de um de seus parceiros, Marcelo D'Alessio; fotografados, filmados, gravados e 'whatsappeados' extorquindo e subornando empresários no caso das fotocópias dos cadernos", insistiu a ex-presidente.

Cristina afirmou que na direção do filme está o próprio Bonadio e na montagem "e produção" a frente governante 'Cambiemos', liderada pelo atual presidente, Mauricio Macri.

No dia 15 de fevereiro, a polícia prendeu o advogado Marcelo D'Alessio, acusado por um empresário de pedir propina em nome do promotor Stornelli para livrá-lo de ser investigado no caso "dos cadernos", conhecido assim pelas anotações nas quais o motorista do Ministério de Obras Públicas registrou os supostos pagamentos de propina de empresários que ele distribuía com seu carro a funcionários do governo.

No meio da polêmica, Stornelli denunciou D'Alessio e enfatizou que tudo se trata de uma "clara operação" para "prejudicar" o caso que ele investiga, que indica uma suposta rede de pagamento de propina em troca de contratos públicos, e que mantém na prisão vários ex-integrantes dos governos kirchneristas e empresários.

"Enquanto projetam esse filme pela rede nacional de meios governistas, os argentinos e argentinas já não sabem como fazer para pagar pelos materiais escolares, as contas de luz, gás e água, a parcela de um financiamento, as despesas e os aluguéis, as compras do supermercado", concluiu a ex-governante em suas mensagens na internet.

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