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Cresce apoio à investigação da morte de Arafat

A Tunísia, onde o chefe histórico palestino viveu entre 1982 e 1994, antes de se radicar nos Territórios Palestinos, apoiou esta reivindicação

Mural com Yasser Arafat: o sobrinho de Arafat, Nasser al-Qidwa, outro representante da família cujo consentimento é necessário, não deu declarações oficiais até o momento (©AFP / Saif Dahlah)

Mural com Yasser Arafat: o sobrinho de Arafat, Nasser al-Qidwa, outro representante da família cujo consentimento é necessário, não deu declarações oficiais até o momento (©AFP / Saif Dahlah)

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Da Redação

Publicado em 5 de julho de 2012 às 15h15.

Ramallah - Os líderes palestinos esperam o apoio da Liga Árabe para exigir uma investigação internacional sobre a morte de Yasser Arafat, depois de ser encontrada em seus objetos pessoais uma quantidade anormal de polônio, o que apoia a tese de um envenenamento.

A Tunísia, onde o chefe histórico palestino viveu entre 1982 e 1994, antes de se radicar nos Territórios Palestinos, apoiou esta reivindicação nesta quinta-feira, exigindo também uma reunião urgente dos ministros das Relações Exteriores da Liga Árabe.

"Esperamos que esta iniciativa tunisiana se traduza em uma ação e que a reunião seja organizada. Depois pediremos a formação de uma comissão de investigação internacional similar à que foi criada depois do assassinato (em 2005) do ex-primeiro-ministro libanês Rafic Hariri para que possamos contestar todas as perguntas que não tiveram resposta", afirmou o ministro das Relações Exteriores palestino, Riyad al-Malki.

"Queremos mostrar que a Autoridade, a direção e o povo palestinos estão impacientes para conhecer todos os detalhes da morte de Arafat, para encerrar o caso", afirmou o chanceler à rádio oficial Voz da Palestina, um dia após a autorização do presidente da Autoridade Palestina, Mahmud Abbas, para que fosse realizada uma análise de seu cadáver.

O Institute for Radiation Physics de Lausanne (Suíça), que analisou amostras biológicas extraídas dos objetos pessoais de Arafat, entregues a sua viúva pelo hospital militar francês de Percy, onde morreu no dia 11 de novembro de 2004, descobriu ali "uma quantidade anormal de polônio", segundo um documento divulgado na terça-feira pela rede de televisão Al-Jazeera.

O polônio é uma substância radioativa extremamente tóxica que foi utilizada para envenenar em 2006 em Londres Alexander Litvinenko, um ex-espião russo que teria se convertido em opositor ao presidente Vladimir Putin


Na terça-feira, Suha Arafat, a viúva de Yasser Arafat, que era contra a realização de uma necropsia depois de sua morte, anunciou à AFP que iria "enviar imediatamente uma carta oficial ao laboratório suíço que realizou os exames para autorizar a tomada de amostras dos restos do mártir Arafat para verificar os resultados".

O sobrinho de Arafat, Nasser al-Qidwa, outro representante da família cujo consentimento é necessário, não deu declarações oficiais até o momento.

Por sua vez, a principal autoridade muçulmana palestina, o mufti Mohammad Hussein, declarou à AFP que nenhuma regra religiosa proíbe a exumação do cadáver de Yasser Arafat, que jaz em um mausoléu na sede da presidência, em Ramallah.

"Se fosse necessário analisar um cadáver para uma investigação, e fosse preciso extrair tudo ou uma parte, nada se oporia a isso", opinou.

O diretor do Instituto Forense israelense, Yehuda Hiss, lembrou que "o polônio é um veneno radioativo relativamente novo".

No caso de Yasser Arafat, "eu sugeriria tomar amostras da terra ao redor de seu túmulo e realizar biópsias do que resta do corpo depois de vários anos, sobretudo do esqueleto, dos dentes e das unhas", declarou à rádio pública israelense.

"O polônio se desintegra com o tempo, mas atualmente é possível encontrar rastros graças aos seus integrantes mais estáveis", disse Hiss.

Em um editorial intitulado "nosso povo tem o direito de saber", o jornal palestino Al-Qods ressalta que este documento "fornece mais perguntas do que respostas sobre os autores do assassinato" de Yasser Arafat. As causas de sua morte nunca foram esclarecidas.

"A pergunta mais importante é: Israel poderia ter cometido este crime sozinho, sem a ajuda de seus colaboradores (palestinos) ou sem uma falha flagrante nas medidas de segurança destinadas a proteger o presidente?", perguntou-se o jornal.

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