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Coronavírus já matou 110 mil pessoas no mundo e afeta celebração de Páscoa

O número de mortos pela COVID-19 dobrou em pouco mais de uma semana e os Estados Unidos se tornaram o país mais afetado

Celebração de missa de Páscoa no Rio de Janeiro feia por livestream por causa do coronavírus, dia 12/4/2020 (Pilar Olivares/Reuters)
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AFP

Publicado em 12 de abril de 2020 às 10h54.

Última atualização em 13 de abril de 2020 às 18h34.

Centenas de milhões de cristãos, confinados assim como a metade da população mundial, comemoram neste domingo (12) a Páscoa em condições sem precedentes, devido à pandemia de coronavírus que já matou 110.000 pessoas, atingindo os Estados Unidos com força e sem dar descanso à Europa.

O número de mortos pela COVID-19 dobrou em pouco mais de uma semana e os Estados Unidos se tornaram o país mais afetado, com mais de 530.000 infecções e 20.600 mortes, de acordo com uma contagem da AFP baseada em fontes oficiais.

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Na vazia Basílica de São Pedro, o papa Francisco dedicou sua mensagem de Páscoa para "aqueles que foram diretamente afetados pelos coronavírus, os doentes, os que morreram e os familiares que choram a partida dos seus queridos e por vezes sem conseguir sequer dizer-lhes o último adeus".

Neste momento, em que "o mundo inteiro está sofrendo", o pontífice argentino pediu "o contágio da esperança".

Em sua mensagem transmitida pela internet, ele fez um apelo pelo estabelecimento de um "cessar-fogo global e imediato em todos os cantos do mundo", enfatizando o Iêmen e a Síria, mas também o Iraque, o Líbano e o conflito entre israelenses e palestinos.

Além disso, "em consideração das presentes circunstâncias", pediu que "sejam abrandadas as sanções internacionais que impedem os países visados de proporcionar apoio adequado aos seus cidadãos" e que "seja permitido a todos os Estados enfrentar as necessidades do momento atual, reduzindo – se não mesmo perdoando – a dívida que pesa sobre os orçamentos dos mais pobres".

Santo Sepulcro fechado

Igrejas desertas, cerimônias sem fiéis, missas através das telas... Neste fim de semana de Páscoa, que comemora a ressurreição de Cristo segundo a tradição cristã, os lugares de culto mais famosos do planeta estavam totalmente vazios.

Em Jerusalém, pela primeira vez em mais de um século, a Igreja do Santo Sepulcro está fechada. Uma missa sem os fiéis foi celebrada em seu interior esta manhã.

Na Itália, alguns fiéis não puderam, contudo, suportar o confinamento. Em San Marco in Lamis, uma localidade de 15.000 habitantes do sudeste do país, 200 pessoas participaram de uma oração diante da igreja, causando uma onda de indignação e um pedido de desculpas do prefeito.

Na Nicarágua, o governo também não parecia se importar com as medidas de distanciamento para impedir a propagação do vírus e promoveu a celebração da Páscoa, apesar do fato de a Igreja ter suspendido todas as festividades.

O país "vive em tranquilidade" e celebra "o sacrifício de Jesus Cristo que lutou pela justiça", afirmou a vice-presidente e primeira-dama, Rosario Murillo.

Mas no estado de Nova York, que já registrou mais de 8.600 mortes em decorrência do coronavírus, a realidade é encarada de maneira diferente.

O prefeito Bill de Blasio anunciou que as escolas públicas da cidade permanecerão fechadas até o final do ano letivo.

Imagens tiradas com um drone mostraram dezenas de caixões rudimentares sendo enterrados em uma vala comum em Hart Island, "a ilha dos mortos", em frente ao distrito do Bronx e onde os sem-teto são sepultados  desde o século XIX.

Na Europa, que ultrapassou neste domingo a cifra simbólica de 75.000 mortes, os balanços diários de mortes continuam a chegar como baldes de água fria.

A Itália se aproxima do trágico saldo de 20.000 óbitos, e a Espanha voltou a anunciar neste domingo um aumento nas mortes diárias (619), após três dias consecutivos de queda, e se aproxima das 17.000 vítimas fatais.

Os números também aumentaram na França, com mais de 13.800 mortes e no Reino Unido, onde em um dia morreram mil pessoas, incluindo um garoto de 11 anos, o balanço se aproxima de 10.000.

Uma boa notícia para o país, o primeiro-ministro britânico Boris Johnson deixou, neste domingo, o hospital londrino onde estava internado há uma semana após ter sido infectado com o novo coronavírus, anunciou Downing Street.

"O primeiro-ministro foi liberado do hospital para continuar sua recuperação em Chequers", sua residência no noroeste de Londres, disse Downing Street em comunicado, acrescentando que "não retomará imediatamente o trabalho, sob orientação de sua equipe médica".

Também houve dados positivos em hospitais de vários países, refletindo os frutos do confinamento.

As autoridades de saúde espanholas quiseram ressaltar que existe um "processo evidente de desaceleração da epidemia", nas palavras do ministro da Saúde, Salvador Illa.

Embora o confinamento estrito permaneça em vigor, atividades não essenciais, como indústria e construção civil, serão retomadas na segunda-feira após duas semanas de paralisação.

"Soluções imediatas na Venezuela"

Em outras regiões do mundo, começaram a ser aplicadas medidas de isolamento, como na Turquia, onde o confinamento foi imposto em 31 cidades neste fim de semana, incluindo sua capital econômica, Istambul, com 16 milhões de pessoas.

Na Venezuela, onde o vírus matou pelo menos nove pessoas e infectou 175, o estado de alarme foi estendido por 30 dias.

Em sua mensagem de Páscoa, o papa rezou por "soluções práticas e imediatas na Venezuela, destinadas a facilitar a ajuda internacional à população que sofre com a grave situação política, socioeconômica e de saúde".

A América Latina e o Caribe registravam mais de 61.000 infecções neste domingo, com mais de 2.500 mortes, segundo balanço estabelecido pela AFP.

O Brasil é o país da região mais afetado pela pandemia, com 1.100 óbitos e quase 21.000 infecções; seguido pelo Equador, com 315 mortes em 7.200 casos.

No continente africano, onde foram registradas cerca de 13.000 infecções e 700 mortes, "o vírus se espalha para além das grandes cidades", alertou o chefe da Organização Mundial da Saúde (OMS) para a região, Matshidiso Moeti, que disse temer "uma nova frente" da pandemia.

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