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Coronavírus de Wuhan se propaga e supera número de casos da SARS

Vírus já tem 5.974 casos confirmados na China, número supera número de infecções da epidemia de Síndrome Respiratória Aguda Grave

Coronavírus: autoridades de saúde anunciaram mais 26 mortes, o que eleva o balanço do coronavírus a 132 vítimas fatais (AFP/AFP)
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AFP

Publicado em 29 de janeiro de 2020 às 09h38.

Última atualização em 29 de janeiro de 2020 às 09h46.

São Paulo — Duas companhias aéreas suspenderam nesta quarta-feira os voos para a China continental, onde a epidemia de coronavírus de Wuhan continua sua propagação, apesar das medidas de prevenção e isolamento decretadas, e já supera o número de pacientes provocados pela SARS há quase 20 anos.

Nesta quarta-feira (29), centenas de japoneses e americanos foram retirados de Wuhan, a cidade da região central da China onde surgiu o vírus.

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As autoridades de saúde anunciaram mais 26 mortes, o que eleva o balanço do coronavírus a 132 vítimas fatais, e 5.974 casos confirmados na China continental (sem contar Hong Kong).

A cifra já supera o número de infecções da epidemia de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SARS) de 2002 e 2003, outro coronavírus que contaminou 5.327 pessoas no país. A SARS deixou 774 mortos no mundo, 349 deles na China continental.

Além da China, que registra a grande maioria das infecções, o coronavírus afeta 15 países - o caso mais recente foi detectado nos Emirados Árabes Unidos.

Como medida de precaução, a companhia aérea British Airways anunciou a suspensão de todos os voos para a China continental. O Reino Unido, assim como Estados Unidos e Alemanha, recomenda que seus cidadãos evitem as viagens ao país asiático.

A indonésia Lion Air também suspendeu os voos, enquanto Cathay Pacific (Hong Kong), a americana United Airlines e a Air Canada pretendem reduzir o número de voos para a China.

Além disso, Hong Kong anunciou o fechamento de seis pontos de passagem com o restante da China.

Repatriação

Japão e Estados Unidos foram os primeiros países a repatriar parte de seus cidadãos retidos em Wuhan.

Esta cidade e a quase totalidade da província de Hubei estão isoladas do mundo desde 23 de janeiro, em uma tentativa das autoridades de conter a epidemia. O cordão sanitário afeta 56 milhões de habitantes e milhares de estrangeiros.

Um avião com 200 japoneses pousou em Tóquio nesta quarta-feira. "Não conseguíamos circular livremente (...) O número de doentes começou a aumentar rapidamente e dava medo", declarou no desembarque Takeo Aoyama, que trabalha na siderúrgica Nippon Steel.

Sem uma base legal, as autoridades japoneses não podem impor uma quarentena aos repatriados e solicitam que estas pessoas permaneçam em casa por duas semanas.

Um avião enviado pelos Estados Unidos também decolou nesta quarta-feira de Wuhan com 200 pessoas a bordo, incluindo funcionários do consulado na cidade.

A Comissão Europeia informou que dois aviões da França devem repatriar 350 europeus, incluindo 250 franceses.

A Austrália, que também examina uma operação de retirada, pode enviar os repatriados em quarentena para a Ilha Christimas, no Índico, onde normalmente aguardam os solicitantes de asilo.

Wuhan, onde a circulação de veículos considerados não indispensáveis está proibida, parece uma cidade fantasma. No restante da China, onde o recesso de Ano Novo foi prorrogado até 2 de fevereiro, muitas pessoas deixaram de frequentar centros comerciais, cinemas e restaurantes.

A rede americana Starbucks, por exemplo, anunciou o fechamento de metade de seus cafés.

Consequências

Nesta quarta-feira, as autoridades anunciaram o cancelamento das provas da Copa do Mundo de esqui alpino previstas para fevereiro na China.

A seleção feminina de futebol da China foi colada em quarentena em um hotel de Brisbane, na Austrália, onde deve disputar o pré-olímpico.

Os primeiros casos de transmissão entre humanos fora do território da China provocam grande preocupação. No Japão, um homem de 60 anos que nunca viajou à China foi contaminado e um caso similar foi registrado na Alemanha, o primeiro na Europa.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) anunciou na terça-feira o envio à China "o mais rápido possível" de especialistas internacionais para coordenar os conhecimentos sobre o vírus e apresentar uma "resposta mundial".

"A epidemia é um demônio e não podemos deixar este demônio escondido", disse o presidente chinês Xi Jinping.

O governo dos Estados Unidos pediu à China "mais cooperação e transparência". Em 2002, o regime chinês foi acusado de esconder o surgimento da SARS.

Os cientistas do instituto Doherty na Austrália conseguiram replicar em laboratório o novo coronavírus, uma etapa crucial para criar uma vacina, uma tarefa que ainda deve demorar meses.

O coronavírus de Wuhan também tem consequências econômicas.

A empresa americana Apple admitiu problemas na cadeia de produção na China e a montadora japonesa Toyota anunciou a prorrogação por mais uma semana da paralisação das atividades em suas três fábricas na China, até 9 de fevereiro.

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