Com a pandemia de coronavírus, o Dia da Vitória será lembrado com cerimônias mais modestas (Hannah McKay/Reuters)
Da Redação
Publicado em 8 de maio de 2020 às 06h32.
Última atualização em 8 de maio de 2020 às 12h05.
O avanço da covid-19 pelo mundo vai prejudicar as comemorações dos 75 anos de rendição da Alemanha nazista na Segunda Guerra, nesta sexta-feira (8). O Dia da Vitória, como é chamado pelos europeus, será lembrado este ano com cerimônias mais modestas, pela necessidade de manter o isolamento social em função do coronavírus.
Na Rússia, que comemora o Dia da Vitória em 9 de maio por causa da diferença de fuso horário, o presidente Vladimir Putin planejava realizar uma grandiosa parada militar na Praça Vermelha. Tinha convidado alguns dos principais líderes mundiais, entre eles Donald Trump (Estados Unidos), Xi Jinping (China), Angela Merkel (Alemanha) e Emmanuel Macron (França).
Mas o líder russo teve de adiar o evento, por prazo indeterminado, por causa do avanço do coronavírus – até ontem, a Rússia tinha oficialmente 177.000 casos e 1.615 mortes por covid-19. Para não passar a data em branco, os russos pretendem realizar exibições com aviões da Força Aérea em Moscou e em outras cidades.
A Rússia é a principal herdeira da extinta União Soviética, o país com maior número de mortos na Segunda Guerra – mais de 26 milhões de pessoas. Por isso, o Dia da Vitória é a data histórica mais celebrada pelos russos, com muitas homenagens aos mortos e aos veteranos de guerra, e sempre foi uma ocasião para o governo exibir o poderio militar do país.
No Reino Unido, em vez dos tradicionais desfiles militares e festa da população nas ruas, a rede BBC vai transmitir um especial na TV com trechos do discurso feito pelo primeiro-ministro Winston Churchill há 75 anos para anunciar o fim da guerra na Europa. Às 21h locais, no mesmo horário em que o rei George VI fez um pronunciamento aos britânicos em 1945 para celebrar a rendição alemã, a BBC vai transmitir um discurso da rainha Elizabeth comentando a data histórica.
Será a segunda mensagem televisionada da rainha desde o início da pandemia. No dia 5 de abril, ela agradeceu aos britânicos que estão seguindo as recomendações do governo de ficar em casa para evitar a propagação do coronavírus.
Quando a guerra acabou na Europa, Elizabeth tinha 19 anos, era ainda princesa e se misturou ao povo para festejar o fim do conflito. Em abril último, a monarca completou 94 anos. Agora, seu país enfrenta uma nova guerra. Até ontem, o Reino Unido tinha 208.000 casos confirmados e 30.700 mortes por covid-19 – é o segundo país em número de óbitos na pandemia, atrás apenas dos Estados Unidos.
A rendição incondicional da Alemanha foi assinada em 7 de maio de 1945 em Reims, na França, onde funcionava o quartel-general de Dwight Eisenhower, comandante supremo das forças aliadas. Uma semana antes, em 30 de abril, o líder nazista, Adolf Hitler, havia se matado durante o cerco aliado na Batalha de Berlim. A rendição foi formalmente aceita pelos países aliados em 8 de maio, marcando o fim das hostilidades em território europeu.
Os conflitos na frente do Pacífico, porém, prosseguiriam ainda por quase quatro meses. A Segunda Guerra só terminaria com a rendição do Japão, assinada no dia 2 de setembro de 1945.