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Coreia do Sul descarta pagar por escudo antimísseis

Afirmação foi feita após o presidente americano Donald Trump sugerir que o país pague pelo sistema

Coreia do Sul: o país afirmou que, segundo o acordo, apenas deve fornecer o terreno (Chung Sung-Jun/Getty Images)

Coreia do Sul: o país afirmou que, segundo o acordo, apenas deve fornecer o terreno (Chung Sung-Jun/Getty Images)

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AFP

Publicado em 28 de abril de 2017 às 11h13.

A Coreia do Sul descartou nesta sexta-feira a sugestão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de que Seul pague pelo escudo antimísseis americano que está implantando para contrabalançar a ameaça da Coreia do Norte e cujo custo chega a um bilhão de dólares.

Os primeiros elementos do sistema THAAD (Terminal High Altitude Area Defense) já chegaram ao campo de golfe onde serão instalados, 250 km ao sul de Seul, o que provocou os protestos de Pequim em um contexto de fortes tensões na península.

As autoridades americanas afirmaram que o escudo estará operacional "nos próximos dias".

"Informei a Coreia do Sul de que seria apropriado que pague. É um sistema de 1 bilhão de dólares", declarou Trump à agência Reuters. "É fenomenal, destrói mísseis diretamente no céu", acrescentou.

Mas Seul respondeu que, segundo os termos dos acordos sobre a presença militar americana no país, a Coreia do Sul fornece o terreno para o sistema THAAD e as infraestruturas, enquanto Washington paga por sua implantação e funcionamento.

"Não há mudanças nesta posição", disse o ministério da Defesa sul-coreano em um comunicado.

Washington e Seul estão unidos por um tratado de segurança desde a Guerra da Coreia (1950-1953) e mais de 28.000 militares americanos estão mobilizados no sul da península.

A tensão na península piorou consideravelmente nos últimos tempos depois de uma série de disparos de mísseis por Pyongyang e das advertências de Washington segundo as quais a opção militar está sobre a mesa.

Moderar Pyongyang

Trump declarou que existe a possibilidade de "um grande, grande conflito" com a Coreia do Norte, razão pela qual a Coreia do Sul, cuja capital está ao alcance de artilharia norte-coreana, corre um risco de perda de vidas gigantesco.

Os Estados Unidos afirmaram, no entanto, que era necessário reforçar as sanções contra Pyongyang, deixando entrever a possibilidade de que o diálogo seja retomado. O chefe do Comando do Pacífico, o almirante Harry Harris, disse que era preciso "levar à razão, e não colocar de joelhos", o regime norte-coreano.

A Casa Branca também deseja que a China faça mais para moderar as aspirações nucleares militares de seu vizinho. Trump estimou que o presidente chinês, Xi Jinping, fez "muitos esforços" nesse sentido.

Mas Pequim está furiosa com a implantação do THAAD, que ameaça o equilíbrio regional e suas próprias capacidades balísticas.

O sistema deve interceptar e destruir mísseis norte-coreanos de curto e médio alcance durante a fase final de seu voo.

Os sul-coreanos estão divididos sobre o assunto. Apenas 51,8% se declaram favoráveis ​ao THAAD, de acordo com uma pesquisa do Korea Research de março.

Um acordo horrível

Em represália, Pequim adotou uma série de medidas contra a Coreia do Sul. Proibiu os grupos de turistas chineses de viajar ao país, dando um severo golpe à indústria local do turismo. Em março, a quantidade de visitantes chineses na Coreia do Sul caiu 40%.

Devido às convocações ao boicote, o gigante de comércio sul-coreano Lotte se viu obrigado a fechar 85 de suas 99 lojas na China. Este grupo colocou a disposição o campo de golpe onde serão implantadas partes do sistema antimísseis. Segundo as estimativas, o Lotte somaria perdas da ordem de 1 bilhão de dólares no primeiro trimestre.

O Export-Import Bank of Korea acaba de estimar que a Coreia do Sul pode perder até 16 bilhões de wons (14 bilhões de dólares) de receitas nos próximos dois anos.

Em sua entrevista à Reuters, Trump disse que renegociará ou colocará fim a um acordo de livre comércio com Seul, que entrou em vigor em 2012.

A questão foi mencionada durante a campanha eleitoral nos Estados Unidos, mas parecia fora do radar desde a posse de Trump.

"É inaceitável, é um negócio terrível selado por Hillary (Clinton, ex-secretária de Estado americana e sua rival democrata nas eleições em que ele venceu)", disse.

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