Coreia do Norte rejeita oferta do Sul de ajuda em troca de desnuclearização
A irmã de Kim Jong Un, Kim Yo Jong, chamou a oferta de "cúmulo do absurdo"
AFP
Publicado em 19 de agosto de 2022 às 07h18.
A irmã poderosa do líder norte-coreano, Kim Jong Un, criticou nesta sexta-feira a oferta de ajuda econômica feita por Seul em troca da desnuclearização do país comunista, que chamou de "cúmulo do absurdo", e descartou a possibilidade de negociações presenciais.
Suas palavras respondem ao plano apresentado nesta semana pelo presidente sul-coreano, Yoon Suk-yeol, de oferecer comida, energia e infraestrutura ao Norte se o mesmo abandonar seu programa de armas nucleares .
Analistas já haviam antecipado as chances reduzidas de sucesso da proposta, uma vez que Pyongyang investe grande parte de sua riqueza em seu programa militar e deixou claro repetidas vezes que não aceitará uma negociação desse tipo.
A irmã de Kim Jong Un, Kim Yo Jong, chamou a oferta de "cúmulo do absurdo" e alertou que a premissa de que a Coreia do Norte irá negociar sobre seu programa nuclear é falsa.
"Ao pensar que o plano de trocar 'cooperação econômica' pela nossa honra, nossas armas nucleares, é o grande sonho, a esperança e o plano de Yoon, percebemos que ele é realmente simples e ainda infantil", declarou em comunicado divulgado pela agência oficial KCNA.
"Ficou claro que não vamos sentar frente a frente com ele", acrescentou, antes de acusar a Coreia do Sul de reciclar propostas já rejeitadas pelo Norte. "Ninguém troca seu destino por pão de milho", disse.
A presidência da Coreia do Sul lamentou os comentários "desrespeitosos" de Yo Jong, mas insistiu que a oferta continua de pé.
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"A atitude da Coreia do Norte não ajuda de nenhuma maneira a paz e a prosperidade da península da Coreia, nem seu próprio futuro. Promove apenas o isolamento", afirmou em um comunicado.
Na semana passada, Pyongyang ameaçou adotar represálias "mortais" contra a Coreia do Sul, que considera responsável por um recente surto de covid-19 em seu território.
Kim Jong Un disse em julho que o país estava "pronto para mobilizar" sua nuclear de dissuasão em caso de confronto militar com os Estados Unidos e a Coreia do Sul. Na quarta-feira, Pyongyang disparou dois mísseis de cruzeiro.
Cheong Seong-chang, diretor do Centro de Estudos Norte-Coreanos no Instituto Sejong, afirmou que as declarações Yo Jong "claramente reafirmam" que Pyongyang nunca renunciará a suas armas nucleares. Ele pediu Seul para rever a abordagem da desnuclearização.
"O peso da ameaça nuclear da Coreia do Norte com a qual a Coreia do Sul tem que conviver já superou o nível que consegue suportar", disse.
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O caráter pessoal do ataque de Kim Yo Jong a Yoon Suk-yeol mostra que as relações provavelmente serão "muito difíceis" durante o mandato de cinco anos do novo presidente sul-coreano, afirmou à AFP Yang Moo-jin, professor da Universidade de Estudos Norte-Coreanos.
Embora antes de sua eleição, em março, tenha insistido nas posições duras contra o regime comunista, Yoon Suk-yeol disse na quarta-feira que seu governo não buscará adquirir capacidade nucleares de dissuasão.
A Coreia do Norte executou um número recorde de testes de armas neste ano, incluindo o lançamento de um míssil balístico intercontinental de pleno alcance pela primeira vez desde 2017.
Estados Unidos e Coreia do Sul alertaram que Pyongyang prepara o sétimo teste nuclear de sua história.