O filho mais novo do falecido líder, Kim Jong-un, perpetua a dinastia iniciada por seu avô, Kim Il-sung, fundador da Coreia do Norte comunista (AFP)
Da Redação
Publicado em 29 de dezembro de 2011 às 07h30.
São Paulo - A Coreia do Norte proclamou como "líder supremo" o filho e sucessor de Kim Jong-il, Kim Jong-un, nesta quinta-feira em uma grande concentração militar em homenagem ao dirigente falecido.
"O grande coração do camarada Kim Jong-il parou de bater", declarou o presidente da Assembleia Popular, Kim Yong-nam, que exerce a função cerimonial de chefe dl Estado, em um discurso pronunciado para dezenas de milhares de soldados na praça Kim Il-sung de Pyongyang.
Muitos civis também compareceram ao local, segundo imagens exibidas pela televisão estatal.
"Uma partida tão inesperada e precoce é a maior perda, inimaginável, para nosso partido e a revolução", afirmou Kim Yong-nam, que ressaltou a contribuição do dirigente falecido para "a paz e a estabilidade mundial no século XXI".
Ao lado do presidente da Assembleia estava Kim Jong-un, filho mais novo e sucessor de Kim Jong-il.
"O respeitado camarada Kim Jong-un é o líder supremo de nosso partido e do Exército, herdou a inteligência, a capacidade de comando, o caráter, o senso moral e o valor de Kim Jong-il", completou Kim Yong-nam.
Vários comandantes militares estavam presentes no palanque, incluindo o chefe do Estado-Maior, Ri Yong-ho, e o ministro das Forças Armadas, Kim Yong-chun.
A cerimônia na praça Kim Il-Sung terminou com a interpretação da "Internacional" por uma orquestra militar e por uma salva de 20 disparos de canhão.
Três minutos de silêncio foram respeitados em seguida na Coreia do Norte, pontuados pelas sirenes de barcos e locomotivas do país.
A solenidade encerrou o luto nacional de 13 dias em memória de Kim Jong-il, dirigente do país durante 17 anos, que faleceu em 17 de dezembro. Na quarta-feira foi organizado um cortejo fúnebre diante de milhares de pessoas na capital do país.
A comitiva do cortejo, durante o qual Kim Jong-un caminhou ao lado do veículo com o caixão do pai, também contava com comandantes militares.
O Exército tem um papel importante na Coreia do Norte, dirigida em nome da doutrina "songun" ("primeiro o Exército"), iniciada nos anos 90 por Kim Jong-il para manter o regime, fragilizado após o fim do bloco comunista no leste da Europa e a desintegração da União Soviética.
As Forças Armadas norte-coreanas contam com 1,2 milhão de oficiais, em uma população total de 24 milhões de habitantes. Os militares têm vantagens sobre os civis em termos de alimentos, energia elétrica e material, em um país que enfrenta escassez de produtos de primeira necessidade.
O outro principal centro de poder é o Partido dos Trabalhadores da Coreia, o único do país.
O jovem Kim Jong-un, com menos de 30 anos, foi chamado de "líder supremo do partido, do Estado e do Exército" pelos meios de comunicação do regime, mas não ocupa oficialmente estes cargos no momento.
Ele perpetua a dinastia iniciada por seu avô, Kim Il-sung, fundador da Coreia do Norte comunista, que foi sucedido por Kim Jong-il em 1994, que comandou o país com mão de ferro.
Usando os mesmos instrumentos de propaganda do pai e enviado para campos de trabalho forçado dezenas de milhares de opositores reais ou imaginários, Kim Jong-il conseguiu salvaguardar o regime, mas terríveis episódios de fome mataram centenas de milhares de norte-coreanos nos anos 90.
Durante seu regime, o país produziu a bomba atômica. Por este motivo, a estabilidade da Coreia do Norte inquieta as potências regionais.
Coreia do Sul, Estados Unidos, China e Japão intensificaram as consultas diplomáticas para evitar que uma mudança de governo na Coreia do Norte deixe a península coreana em pé de guerra.