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Coreia do Norte confirma absolutismo do líder Kim Jong-Un

A Assembleia Suprema do Povo (ASP) elegeu nesta quarta-feira, por unanimidade, Kim para a presidência de uma nova Comissão sobre os assuntos de Estado


	Kim Jong-Un: a instituição substitui a poderosa Comissão de Defesa Nacional, que era o órgão supremo de tomada de decisões políticas
 (KCNA via KNS/AFP)

Kim Jong-Un: a instituição substitui a poderosa Comissão de Defesa Nacional, que era o órgão supremo de tomada de decisões políticas (KCNA via KNS/AFP)

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Da Redação

Publicado em 30 de junho de 2016 às 10h54.

Pyongyang gravou em pedra o absolutismo do poder de Kim Jong-Un ao nomear nesta quarta-feira o jovem líder, 33 anos, à frente de um novo órgão governamental, acima de todos os outros poderes na Coreia do Norte.

A Assembleia Suprema do Povo (ASP), o órgão legislativo do país, elegeu nesta quarta-feira, por unanimidade, Kim para a presidência de uma nova Comissão sobre os assuntos de Estado, anunciou a agência oficial norte-coreana KCNA.

Esta instituição substitui a poderosa Comissão de Defesa Nacional (CDN), que era o órgão supremo de tomada de decisões políticas.

Esta nomeação, declarou o presidente da ASP, Kim Yong-Nam, reflete "a fé inabalável e a determinação de todos os funcionários habitantes o país de apoiar Kim Jong-Un (...) no mais alto posto da RPDC", referindo-se as iniciais da República Popular Democrática da Coreia.

Esta decisão confirma efetivamente a elevação de Kim ao posto de líder supremo do país, segundo confirma Cheong Seong-Chang, especialista em Coreia do Norte do Instituto Sejong, em Seul.

"Este posto corresponde ao título de 'presidente da República' que foi dado a Kim Il-Sung, em 1972", explica Cheong.

O fundador do regime e avô de Kim Jong-Un tornou-se em sua morte, em 1994, "presidente eterno".

Kim Jong-Un apresenta uma semelhança física impressionante com seu avô, uma característica na qual ele tem apostado para captar a herança política do fundador e se diferenciar de seu pai, Kim Jong-Il.

'Querido camarada'

Sua nomeação como chefe da nova Comissão dos assuntos do Estado constitui uma ruptura com o reinado de Kim Jong-Il, que, até à sua morte final de 2011, conduziu a Coreia do Norte como presidente do extinto CDN.

Por sua essência militar, o CDN era responsável por todas as questões de defesa e segurança. Mas de acordo com a estratégia do "songun" (o exército em primeiro lugar) de Kim Jong-Un, esta comissão elaborava as políticas em todas as áreas, mesmo aquelas não relacionadas com o militar.

A nova Comissão sobre assuntos de Estado é comporta de três vice-presidentes explicitamente responsáveis ​​pelos assuntos militares, partido e questões do governo.

"Ao se tornar o chefe de uma comissão que controla o exército, o partido e o governo, Kim Jong-Un tornou-se o líder supremo, tanto por seu título quanto na realidade prática", analisa Yang Moo-Jin, professor da Universidade de estudos norte-coreanos em Seul.

"Esta é uma clara ruptura com a era de seu pai", acrescentou.

Uma das primeiras decisões de Kim Jong-Un após chegar ao poder foi virar a página da estratégia "songun" em favor do "byungjin", de priorizar as frentes econômica e nuclear.

O Congresso do Partido dos Trabalhadores da Coreia (PTC) organizado em maio, um evento excepcional por ser o primeiro desde 1980, havia selado um retorno ao centro do palco do partido, eclipsado pelo exército durante o reinado de Kim Jong-Il.

Nesta quinta-feira, o Rodong Sinmun, a publicação oficial do partido, dedicou quase toda a sua capa a um retrato de Kim Jong-Un, vestindo uma veste ao estilo de Mao abotoada até o pescoço, com o rosto solene.

"Oferecemos a mais alta honraria do Querido camarada Kim Jong-Un, o líder supremo do Partido e do povo", proclamou o jornal em letras maiúsculas vermelhas.

O ASP se reúne apenas uma vez ou duas vezes por ano, muitas vezes em uma única sessão para votar o orçamento ou endossar as decisões do partido único.

Na sessão de quarta-feira também se concentrou sobre o novo plano quinquenal, o primeiro desenvolvido pela liderança norte-coreana em décadas.

Muito poucos detalhes foram divulgados. O despacho da KCNA sobre a reunião da ASP evoca apenas as palavras de ordem exortando a aumentar a produção e lutar contra a pobreza energética.

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