Kim Jong-un: entre 80 mil e 120 mil pessoas estão detidas em quatro campos de prisioneiros políticos conhecidos em solo norte-coreano (KCNA/Reuters)
Reuters
Publicado em 13 de março de 2017 às 10h41.
Genebra - A Coreia do Norte boicotou uma comissão da Organização das Nações Unidas (ONU) que analisou a situação dos direitos humanos no país nesta segunda-feira, ignorando os clamores pela responsabilização da liderança de Pyongyang por crimes contra a humanidade documentados pela entidade.
Um relatório de 2014 da ONU detalhou o uso de campos de prisioneiros políticos, fome e execuções, dizendo que as autoridades de segurança e possivelmente até o líder supremo, Kim Jong-un, deveriam enfrentar a justiça internacional.
O Conselho de Direitos Humanos da ONU realizou uma sessão de duas horas sobre os abusos na República Democrática Popular da Coreia (RDPC) em meio a um aumento nas tensões na península dividida na esteira de lançamentos de mísseis norte-coreanos na semana passada e de dois testes nucleares no ano passado.
"Não iremos participar de qualquer reunião a respeito da situação dos direitos humanos na RDPC porque tem motivação política", disse Choe Myong Nam, vice-embaixador de Pyongyang na ONU em Genebra, à Reuters.
O relator especial de direitos humanos da ONU na RDPC, Tomas Ojea Quintana, disse que lamenta a decisão, mas que continuará buscando um engajamento com a Coreia do Norte.
As desavenças políticas e militares crescentes não deveriam blindar as violações em andamento de uma verificação internacional, afirmou.
"As tensões militares levaram o diálogo de direitos humanos com a DPRK a um impasse", disse Ojea Quintana ao fórum de 47 membros. Ele ainda pediu uma investigação independente sobre o assassinato de Kim Jong Nam, o meio-irmão afastado de Kim Jong-un, na Malásia no mês passado, argumentando que pode haver necessidade de "proteger outras pessoas de assassinatos encomendados".
Entre 80 mil e 120 mil pessoas estão detidas em quatro campos de prisioneiros políticos conhecidos em solo norte-coreano, e centenas de famílias da Coreia do Sul e do Japão estão à procura de parentes desaparecidos que se acredita terem sido sequestrados por agentes da Coreia do Norte, disse Ojea Quintana.
Ying Wang, da China, principal aliado de Pyongyang, disse que Pequim é "contra a politização da questão dos direitos humanos" enquanto se busca o diálogo e o arrefecimento das tensões na península.