Sede da CIA: porta-voz norte-coreano criticou que a Europa, em geral, "atue, por assim dizer, como um modelo" quanto à proteção dos direitos humanos (Saul Loeb/AFP)
Da Redação
Publicado em 18 de dezembro de 2014 às 09h16.
Seul - A Coreia do Norte criticou nesta quinta-feira a suposta colaboração de países europeus nas torturas praticadas pela CIA, em uma nova tentativa de desacreditar a resolução da ONU que denuncia as violações de direitos humanos do regime de Kim Jong-un.
"Os países europeus devem estar conscientes de suas próprias situações, já que perderam a legitimidade para tratar do assunto dos direitos humanos", afirmou um porta-voz do Ministério das Relações Exteriores de Pyongyang, citado pela agência estatal "KCNA".
O porta-voz criticou que a Europa, em geral, "atue, por assim dizer, como um modelo" quanto à proteção dos direitos humanos e, por sua vez, "tenha se transformado em um servente dos EUA" na hora de cometer abusos contra a população civil, em referência ao recente e polêmico relatório do Senado americano.
Nesse relatório, a Câmara Alta de Washington constatou que a Agência Nacional de Inteligência (CIA) realizou interrogatórios "mais brutais", após os atentados de 11 de setembro de 2001, do que foi admitido anteriormente.
A Anistia Internacional e outras organizações de defesa dos direitos humanos também denunciaram que cerca de 20 países europeus ajudaram, de uma forma ou de outra, a CIA em suas controvertidas práticas.
A nova ofensiva verbal da Coreia do Norte chega precisamente no dia em que a Assembleia Geral da ONU deve adotar uma resolução não vinculativa apresentada pela União Europeia e o Japão para levar o país ao Tribunal Penal Internacional por seus "crimes contra a humanidade".
O tema dos direitos humanos na Coreia do Norte também será submetido a um primeiro debate na semana que vem no Conselho de Segurança da ONU, o único órgão com capacidade de decidir se o caso poderá ou não ser levado ao Tribunal de Haia.
A investigação sobre os direitos humanos na Coreia do Norte acontece depois que a ONU revelou em março, através de um relatório, as evidências de extermínio, assassinato, escravidão, desaparecimento forçado, execuções sumárias, tortura e violência sexual, entre outros crimes cometidos por esse Estado totalitário.