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Copiloto se consultou com 41 médicos antes de derrubar avião

Antes de decidir derrubar o avião da Germanwings com 149 pessoas a bordo em março, o copiloto da companhia se onsultou com 41 médicos em 5 anos

Andreas Lubitz, copiloto de avião da Germanwings: Lubitz sofria de psicoses, problemas de visão, insônia e depressão (Team-Mueller/Reuters)
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Da Redação

Publicado em 11 de junho de 2015 às 17h13.

Paris - Antes de decidir derrubar deliberadamente o avião da Germanwings com 149 pessoas a bordo nos Alpes franceses em março deste ano, o copiloto da companhia alemã Andreas Lubitz se consultou com 41 médicos em um período de cinco anos, sete deles no mês anterior à tragédia aérea.

O promotor de Marselha, Brice Robin, responsável pela investigação do caso, confirmou nesta quinta-feira que Lubitz "derrubou o avião e assassinou 149 pessoas", em entrevista coletiva realizada em Paris após uma reunião de mais de quatro horas com cerca de 200 familiares das vítimas.

Depois de dois meses e meio de investigações, o promotor passará o inquérito para três juízes de instrução de Marselha, que abrirão uma ação contra "X" por "homicídio involuntário".

Lubitz é referido no documento pelo código "X" porque a legislação francesa não permite que pessoas mortas sejam acusadas de assassinato.

A partir disso, as autoridades poderão estabelecer se os mecanismos de controle que permitiram o copiloto entrar no avião falharam. Caso isso se confirme, eles investigarão se os erros se configuram como crimes .

"O avião não teve nenhum problema de manutenção em terra em Barcelona, era capaz de voar perfeitamente", acrescentou o promotor, fornecendo mais detalhes dos problemas sofridos pelo copiloto.

Lubitz, que sempre tinha sonhado trabalhar como piloto da companhia aérea alemã Lufthansa, matriz da Germanwings, sofria de psicoses, problemas de visão, insônia e depressão.

Esse diagnóstico foi dado por um dos 41 profissionais que ele tinha visitado nos últimos cinco anos, entre os quais estão clínicos gerais, psiquiatras, neurologistas e oftalmologistas. Só no mês anterior à tragédia, foram sete consultas e dez dias afastado do trabalho por recomendação médica.

"Ele tinha motivos para temer ficar sem a possibilidade de voar se sua situação chegasse aos ouvidos de seus controladores ou da empresa", afirmou o promotor de Marselha.

Em 2009, Lubitz tinha interrompido sua formação como copiloto na Alemanha por um episódio de depressão, completando o treinamento na sequência nos Estados Unidos.

Depois de obter um certificado médico que o declarava como apto a voar, foi contratado pela Germanwings em junho de 2014, nove meses antes da tragédia de março. No entanto, mesmo contratado, seguiu visitando vários médicos porque dizia ver os objetos "30% ou 35% mais escuros do que o normal".

Um dos profissionais que o examinou pouco antes do acidente disse que encontrou Lubitz "abatido, inseguro, tenso e centrado em sua doença. Concluiu que a "instabilidade" o tornava "não apto para voar", apesar de a informação não ter chegado à Germanwings porque os médicos não são obrigados a repassar as avaliações dos pacientes.

Os supervisores aéreos e a companhia alemã nunca souberam que Lubitz não tinha condições de voar, segundo o promotor que investiga o caso. Robin reconheceu a dificuldade de conciliar a ética médica e a informação sobre um paciente que é piloto de avião.

O promotor afirmou que ainda não recebeu os resultados toxicológicos do corpo de Lubitz. Na casa do copiloto foram encontrados antidepressivos e remédios contra a insônia.

Os investigadores também descobriram que Lubitz tinha buscado na internet informações como sobre se suicidar, sobre remédios e como se trancar na cabine de um avião.

Para Robin, pessoas que conviviam com Lubitz, incluindo os próprios pais do copiloto, poderiam ter percebido que ele tinha problemas.

Além de detalhes sobre o copiloto, o promotor também explicou sobre o processo de transferência dos corpos após a Alemanha receber nesta semana os restos mortais de 44 vítimas.

Na próxima semana, os corpos de 30 espanhóis, de um total de 51 cidadãos no país mortos na queda, serão enviados às famílias para que elas possam realizar seus funerais.

Espera-se que o processo seja concluído no final desse mês. Além dos dois países citados, há vítimas da Argentina, Colômbia, Irã, Cazaquistão, Marrocos, México, Reino Unido, Turquia, Venezuela, Estados Unidos, Austrália, Bélgica, Dinamarca, Israel e Holanda.

Os restos mortais não identificados serão enterrados em uma sepultura coletiva no cemitério de Vernet, uma cidade que está a poucos quilômetros do local da queda do avião.

As famílias serão convidadas para participar de uma homenagem ecumênica que ainda não tem data definida para ocorrer.

São Paulo – O mundo acordou com uma tragédia aérea na Europa . Nesta manhã, um Airbus A320 da companhia aérea Germanwings, controlada pela Lufthansa , caiu com 150 pessoas a bordo na região dos Alpes Franceses. A aeronave saiu de Barcelona , na Espanha , e seguia para a cidade de Düsseldorf, na Alemanha . Cerca de 45 minutos depois da decolagem, o piloto emitiu um alerta de emergência e, em seguida, o contato com torres de controle foi perdido. Não há expectativas de que sobreviventes serão encontrados, tampouco já se sabe quais são as causas deste acidente aéreo . Veja aqui algumas das imagens já disponíveis sobre a tragédia com o voo 4U9525 da Germanwings.
  • 2. Seyne-les-Alpes, França

    2 /16(Reuters)

  • Veja também

    Equipe de resgate formada por alpinistas chega ao local do acidente com o Airbus A320 da Germanwings.
  • 3. Seyne-les-Alpes, França

    3 /16(Reuters)

  • Vista geral da região na qual o Airbus A320 da Germanwings caiu nesta manhã. Aeronave era ocupada por 150 pessoas.
  • 4. Seyne-les-Alpes, França

    4 /16(Reuters)

    Equipes de resgate preparam-se para se dirigir até o local do acidente com o Airbus A320 da Germanwings. Não há expectativas de sobreviventes.
  • 5. Seyne-les-Alpes, França

    5 /16(Reuters)

    Na região dos Alpes Franceses, helicópteros de resgate se preparam para decolar em busca de mais destroços e corpos do acidente da Germanwings.
  • 6. Seyne-les-Alpes, França

    6 /16(Reuters)

    Um helicóptero de resgate sobrevoa a região na qual foram encontrados os destroços do avião e alguns corpos das pessoas que estavam a bordo do Airbus A320.
  • 7. Seyne-les-Alpes, França

    7 /16(Reuters)

    Polícia francesa se reúne na região dos Alpes Franceses na qual o avião da Germanwings caiu nesta manhã.
  • 8. Haltern am See, Alemanha

    8 /16(Reuters)

    Um carro da polícia alemã é visto estacionado próximo de uma escola na cidade de Haltern am See. Acredita-se que 16 das 150 pessoas a bordo do voo da Germanwings eram estudantes que estavam na Espanha na companhia de dois professores.
  • 9. Barcelona, Espanha

    9 /16(Reuters)

    Familiares de pessoas que estavam a bordo do Airbus A320 da Germanwings começam a chegar ao aeroporto de Barcelona, de onde decolou a aeronave.
  • 10. Barcelona, Espanha

    10 /16(foto/Getty Images)

    Policiais ajudam os familiares das vítimas do acidente da Germanwings que chegam ao aeroporto de Barcelona em busca de notícias.
  • 11. Barcelona, Espanha

    11 /16(Reuters)

    Chocados, familiares das vítimas chegam ao aeroporto de Barcelona, local da decolagem da aeronave da Germanwings, em busca de notícias.
  • 12. Berlim, Alemanha

    12 /16(Reuters)

    A chanceler Angela Merkel realizou um pronunciamento oficial sobre a tragédia com o Airbus A320 e disse estar “consternada”. A aeronave seguia da Espanha para a Alemanha.
  • 13. Paris, França

    13 /16(Reuters)

    Foto mostra o presidente francês François Hollande, o rei espanhol Felipe VI e a rainha Letizia. Uma visita oficial em curso pelo casal foi interrompida por conta da tragédia.
  • 14. Colônia, Alemanha

    14 /16(Reuters)

    Em Colônia, onde está a sede da companhia aérea Germanwings, o piloto chefe da empresa e um de seus diretores falam à imprensa sobre a tragédia.
  • 15. Frankfurt, Alemanha

    15 /16(Reuters)

    Carsten Spohr, CEO da Lufthansa, chega ao aeroporto de Frankfurt para se manifestar sobre o acidente com a aeronave da Germanwings, que é controlada pela companhia aérea.
  • 16. Agora veja quais os acidentes aéreos mais mortais da história

    16 /16(Ed Wray/Getty Images)

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