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COP11: mais informação na guerra contra espécies invasoras

Transporte indevido de espécies invasoras cresce em todo o mundo devido ao aumento do número de viagens, associado à globalização e ao aumento da população humana

Mexilhão: o molusco se multiplica rapidamente e pode obstruir encanamentos de todo o calibre, além de causar corrosão e perda da energia gerada em turbinas de hidrelétricas (Getty Images)

Mexilhão: o molusco se multiplica rapidamente e pode obstruir encanamentos de todo o calibre, além de causar corrosão e perda da energia gerada em turbinas de hidrelétricas (Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 11 de outubro de 2012 às 16h24.

São Paulo - O lançamento da Parceria Global para a Informação sobre Espécies Invasoras foi um dos eventos paralelos de grande importância, ocorrido hoje, em Hyderabad, na Índia, no terceiro dia da 11ª Conferência das Partes da Convenção de Diversidade Biológica - a COP11 daConvenção da Diversidade Biológica.

Apelidada de GIASIP (sigla de Global Invasive Alien Species Information Partnership), a iniciativa deve ajudar no reconhecimento de espécies como invasoras; na identificação das rotas de dispersão dessas invasoras e na otimização de esforços locais, nacionais e regionais para erradicação das invasoras mais problemáticas.

Espécies invasoras são plantas, animais, fungos ou microrganismos levados acidental ou intencionalmente para um novo ambiente, no qual se instalam e proliferam, em geral, sem o controle de inimigos naturais. Sua colonização do novo ambiente desloca espécies nativas, gera competição por alimento e/ou abrigo e, com frequência, leva ao declínio ou mesmo à extinção das espécies locais.

A proliferação de invasoras é considerada a maior causa direta de perda de biodiversidade em todo o mundo e está relacionada a prejuízos econômicos na casa das centenas de bilhões de dólares.

Para quem não vê relação entre espécies invasoras e perdas econômicas, recomendo a leitura do documento sobre as 100 piores espécies invasoras, publicado pelo Grupo Especialista da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN), em 2010, e disponível on line.

Vale ainda lembrar as perdas, os danos e a dor de cabeça permanente causada pela infestação de moluscos - como o mexilhão dourado(Limnoperma fortunei) - em equipamentos de hidrelétricas e motores de captação de água ou mesmo de barcos. A espécie é originária da Ásia e foi transportada para o mundo todo em navios junto com a água de lastro.


O molusco se multiplica rapidamente e pode obstruir encanamentos de todo o calibre, além de causar corrosão e perda da energia gerada em turbinas de hidrelétricas.

A Itaipu Binacional, por exemplo, é obrigada a manter um programa de monitoramento e limpeza das tubulações do sistema de arrefecimento e das turbinas desde 2001.

Para evitar a fixação do molusco, além da remoção mecânica das conchas, usa tintas especiais contra incrustações e periodicamente aplica hipoclorito ou gás ozônio nas tubulações.

Como no caso do mexilhão dourado, o transporte indevido de espécies potencialmente invasoras cresce em todo o mundo devido ao aumento do número de viagens, de comércio ou turismo, associado à globalização e ao aumento exponencial da população humana.

Com a ajuda do homem - e seus aviões, navios, trens, automóveis e caminhões - mesmo espécies minúsculas ultrapassam as barreiras naturais - como rios de grande porte, montanhas, oceanos e geleiras - e se instalam em novos territórios. Por isso, é fundamental que todos os países saibam não apenas se proteger como também evitar a exportação desse tipo de problema.

Para as espécies invasoras já instaladas, somente esforços coordenados somados a muita informação levarão todos os países, juntos, a cumprir a meta 9 de Aichi e atender o artigo 8(h) da própria Convenção de Diversidade Biológica.


Diz a meta 9 de Aichi que "até 2020, espécies invasoras e suas rotas serão identificadas, as espécies prioritárias serão controladas ou erradicadas e medidas serão tomadas para prevenir novas introduções e estabelecimentos". 

Já no artigo 8 (h) da CDB consta o compromisso de "prevenir a introdução, controlar ou erradicar aquelas espécies exóticas que ameaçarem ecossistemas, habitats ou espécies".

A GIASIP terá justamente este papel de unir esforços e, sobretudo, disseminar informações. A estimativa é ter o banco de dados global e o sistema de informações funcionando a pleno vapor até 2014.

Até lá, já funcionam iniciativas nacionais e regionais diversas, que futuramente integrarão o grande portal GIASIP (uma lista de links para estas iniciativas está no hotsite da CDB sobre Espécies Invasoras, veja abaixo).

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