COP-16 deve fechar compromisso de países em desenvolvimento
Líder político da reunião que será realizada em Cancún, Felipe Calderón acredita na criação de um "Fundo Verde"
Da Redação
Publicado em 22 de novembro de 2010 às 10h12.
Cidade do México - A XVI Conferência da ONU sobre Mudança Climática (COP16), que começa no dia 29 de novembro em Cancún, tentará se transformar na primeira reunião climática a permitir a criação de novos instrumentos que combatam o aquecimento do planeta, tanto nos países industrializados, como no mundo em desenvolvimento.
Em entrevista à Agência Efe, o secretário do Meio Ambiente mexicano, Juan Rafael Elvira, sustentou que a reunião buscará o "profundo" compromisso dos países mais poluentes, e outro "recíproco" dos menos desenvolvidos, ainda não vinculados a tratados internacionais, que os obriguem a cortes.
De partida, o México já descartou um acordo global sobre redução de emissões após um "difícil, longo e complexo" processo de negociação de quase um ano, mas está convencido de que em Cancún pode haver avanços substanciais.
O presidente Felipe Calderón, que será a liderança política da reunião, assinalou este mês em Seul que o mundo está "em possibilidade de adotar um pacote amplo de decisões" na luta climática.
Em matéria de adaptação, como são conhecidas as fórmulas para minimizar o impacto negativo dos desastres naturais aguçados pelo aquecimento global, "há um amplo acordo sobre um marco institucional específico para apoiar as medidas nos países em desenvolvimento", segundo o governante.
Impulsor há anos da criação de um Fundo Verde para canalizar as ajudas, Calderón acha possível que isso ocorra na COP16, e que fique assegurada a coordenação desse mecanismo com "as instituições financeiras internacionais e fluxos bilaterais" de cooperação já existentes, muitos deles com a União Europeia (UE).
O maior obstáculo para a cúpula continua sendo a mitigação sobre os cortes de dióxido de carbono (CO2) e outros gases causadores do efeito estufa, já que existem promessas, mas não uma forma clara de como executá-las.
"Em Cancún, estes compromissos devem ser fixados", assinalou Calderón, que, no entanto, acha "muito difícil" que seja concretizada na COP16 a segunda fase do Protocolo de Kioto, o único instrumento legal e vinculativo de redução de gases existente.
A longo prazo, a grande aspiração continua sendo manter "abaixo de dois graus centígrados" o aumento da temperatura da Terra no século XXI.
Estão previstos, além disso, progressos em transferência de tecnologias limpas, uma área na qual a Índia está muito comprometida.
Outro país emergente, que será fundamental em Cancún, é a China, que junto aos EUA gera 50% das emissões de CO2 à atmosfera pela alta dependência de sua economia ao carvão.
"Pedimos abertamente o apoio que precisamos para chegar a resultados adequados na COP16", disse Elvira, que está em permanente comunicação com seu colega chinês, Zhou Shengxian.
O gigante asiático e as demais potências emergentes do BRIC (Índia, Brasil e África do Sul) pediram que as nações industrializadas sejam as que mais se esforcem para conseguir, em 2011, um pacto global de redução de gases.
Em outubro, ressaltaram a responsabilidade histórica que as economias desenvolvidas deveriam ter com esse fim e pediram que a COP16 permita "aplanar o caminho para conseguir um resultado vinculativo no próximo ano", em Johanesburgo.
Outro bloco chamado por ter protagonismo em Cancún é a Aliança Bolivariana para as Américas (Alba), que não reconheceu o resultado de Copenhague no ano passado por ter sido elaborado na última hora entre poucos países ricos.
"Nós consideramos que eles entenderam com mais clareza, de um país vizinho e irmão, a mensagem de transparência, de abertura, de inclusão do México, para que possam nos ajudar a somar estes acordos que nos trazem benefícios, primeiro a nós, e depois para muitos outros países", explicou Elvira.