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Da Redação
Publicado em 14 de outubro de 2010 às 15h11.
A convenção do PMDB marcada para domingo (12/12) revela uma distância enorme entre a ala congressual (deputados e senadores) e a ala convencional (que controla as instâncias partidárias). "O PMDB convencional quer romper com o governo federal porque já está fora do governo", diz o cientista político Fernando Abrúcio. Para ele, a direção nacional deverá aprovar o afastamento do governo, mas não terá condições políticas para punir os políticos que não acatarem as resoluções.
"O PMDB tem histórico de soluções as mais criativas e esdrúxulas possíveis." Relatório de avaliação da equipe econômica do Credit Suisse First Boston (CSFB) procura antecipar uma dessas soluções. Segundo o boletim, as punições partidárias para os ocupantes de cargos na administração federal pertencentes ao PMDB devem limitar-se a advertência e suspensão, "mas não expulsão".
Na avaliação de Abrúcio, a convenção em si, por essa razão, é pouco relevante. "Os deputados e senadores do partido ficam onde estão porque na verdade não têm para onde correr. Não dá para pular no colo da oposição a essa altura", afirma. "Para a oposição, é bom pela bagunça", diz o analista. "Mas jamais dariam um papel relevante para o PMDB." Em estados como Goiás, as rivalidades entre peemedebistas e tucanos até superam as desavenças entre tucanos e petistas, diz Abrúcio. Além disso, desde a campanha eleitoral de 1989 o PMDB é um partido profundamente cindido - tanto que também o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso contou apenas com uma parcela da agremiação.
No médio prazo, o maior prejuízo é que o PT não deverá contar com uma coligação formal com os peemedebistas nas eleições presidenciais de 2006. Esse é um projeto acalentado há muito tempo e estratégico para garantir mais tempo na propaganda eleitoral gratuita, segundo o CSFB. O PMDBcontinua sem projeto unificador nem candidatura com fôlego nacional. "O Germano Rigotto [governador do Rio Grande do Sul] é um dos poucos que se importam com a definição de identidade partidária, mas não há condições políticas para essa definição", diz Abrúcio.