Líbia: o governo, que ficará sob a direção do atual chefe do Conselho Presidencial, Mohamad Fayez Al Sarraj, está composto por 32 ministros (Mahmud Turkia / AFP)
Da Redação
Publicado em 19 de janeiro de 2016 às 10h29.
Túnis - O Conselho Presidencial da Líbia, designado pela ONU, nomeou nesta terça-feira um governo de união nacional, 48 horas depois do estipulado, e com a oposição de uma parte de seus membros, informaram fontes oficiais à Agência Efe.
A primeira tarefa da nova instituição será conseguir o reconhecimento dos dois parlamentos rivais no país, o de Trípoli e de Tobruk, o que o conselho que o elegeu não conseguiu.
O governo, que ficará sob a direção do atual chefe do Conselho Presidencial, Mohamad Fayez Al Sarraj, está composto por 32 ministros, escolhidos proporcionalmente às três principais regiões líbias.
Logo após saber da notícia, o enviado especial da ONU para a Líbia, Martin Kobler, pediu ao parlamento em Tobruk, o único reconhecido pela comunidade internacional, para se reunir rapidamente para fazer o mesmo com o novo executivo, para que ele possa receber recursos e começar a trabalhar, disse em sua conta no Twitter.
A composição do novo governo deveria ter sido anunciada no domingo, mas atrasou por causa das discordâncias entre as partes sobre a futura cúpula militar conjunta.
Fontes ligadas ao conselho presidencial disseram então que o representante de Tobruk nesse órgão tinha ameaçado abandoná-lo se não se aceitassem as reivindicações da região oriental para a província de Brega, que exige um terço dos ministérios.
Além disso, exigiram garantias de que o futuro comando militar conjunto inclua, como comandante-chefe, o general sublevado Khalifa Hafter, antigo membro da cúpula kadafista e atual chefe das Forças Armadas leais a Tobruk.
Hafter, que na década de 80 se tornou um dos principais opositores de Muammar Kadafi no exílio, passou a viver em Washington até retornar na revolta de 2011. Ele é considerado um dos principais empecilhos para a paz no país.
O parlamento de Trípoli ameaçou neste fim de semana prender qualquer membro das forças de segurança do conselho presidencial que pisar na capital, lugar onde o novo governo deve estabelecer sua sede.
Desde as últimas eleições, o poder está dividido entre Tobruk e Trípoli, governos apoiados por diferentes grupos islamitas, senhores da guerra, líderes tribais e contrabandistas de armas, petróleo, pessoas e drogas.
A guerra civil foi aproveitada por grupos jihadistas ligados ao EI e à Al Qaeda no Magrebe Islâmico (AQMI), que ganharam terreno e estenderam sua influência pelo norte da África.