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Confrontos com Irmandade deixam 11 mortos no Egito

Simpatizantes da Irmandade Muçulmana entraram em confronto com a polícia no Cairo e em outras cidades do Egito

Apoiadores do presidente deposto do Egito, Mohamed Mursi, durante confronto no distrito de Nasr, em Cairo (Mohamed Abd El Ghany/Reuters)

Apoiadores do presidente deposto do Egito, Mohamed Mursi, durante confronto no distrito de Nasr, em Cairo (Mohamed Abd El Ghany/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 3 de janeiro de 2014 às 16h58.

Cairo - Onze pessoas foram mortas a tiros quando simpatizantes da Irmandade Muçulmana entraram em confronto com a polícia no Cairo e em outras cidades do Egito nesta sexta-feira, em desafio a uma repressão cada vez maior do governo sobre o movimento islâmico.

Islâmicos contrários à derrubada do presidente Mohamed Mursi pelo Exército em julho continuam a realizar manifestações diárias, mesmo depois de o governo apoiado pelo Exército classificar a Irmandade como um grupo terrorista, na semana passada, aumentando as penalidades para os dissidentes.

O governo se vale da nova classificação para prender centenas de apoiadores da Irmandade. Outros milhares, incluindo os principais líderes do grupo, estão presos há meses. Eles foram detidos na sequência da tomada do poder pelo Exército.

A repressão reduziu, mas não eliminou completamente, a habilidade da Irmandade para organizar protestos. Ultimamente, a entidade tem contado com estudantes para manter acesa a mobilização contra o que diz ser um "regime golpista" a governar o Egito.

No distrito de Nasr City, no Cairo, a tropa de choque da polícia atirou gás lacrimogêneo contra manifestantes, que respondiam lançando pedras e fogos de artifício. Confrontos similares surgiram por todo o país, como tem sido comum após as orações de sexta-feira, dia de folga no Egito.

O Ministério da Saúde informou que três manifestantes foram mortos em diferentes bairros do Cairo. Uma fonte de segurança disse que as mortes foram causadas por ferimentos a bala, embora não tenha ficado claro se os tiros foram disparados pela polícia ou civis armados.

Em um incidente separado, que ilustra o aprofundamento da cisão provocada pela deposição de Mursi, um homem gritando insultos contra manifestantes a favor da Irmandade que faziam uma passeata perto de sua casa foi morto a tiros, disse uma fonte de segurança.


Um homem e uma mulher foram mortos a tiros durante os confrontos entre manifestantes que apoiam a Irmandade e policiais na cidade costeira de Alexandria, segundo fontes médicas e de segurança. Houve relatos conflitantes sobre se a mulher era uma manifestante ou apenas observadora.

Outro manifestante foi morto a tiros pela polícia na cidade de Ismailia, no Canal de Suez, durante uma passeata que partiu de uma mesquita após as orações do meio-dia, segundo fontes médicas.

Na província rural de Fayoum, a sudoeste do Cairo, um manifestante morreu atingido por ferimentos de bala na cabeça e no peito, disse Medhat Shukri, funcionário local do Ministério de Saúde, à Reuters.

Outro estudante universitário for morto a tiros durante confrontos na cidade de Minya, no sul. O Ministério da Saúde disse que 42 pessoas ficaram feridas em todo o país.

A polícia prendeu 122 membros da Irmandade pela posse de armas, disse o Ministério do Interior em comunicado. A Irmandade afirma que seus apoiadores estavam desarmados.

Votação da Constituição

O poder da Irmandade -- o mais antigo e mais organizado movimento islâmico do país -- se deteriorou dramaticamente por causa das prisões em massa de seus membros, das ordens para congelar bens de líderes, bem como a designação do grupo como uma organização terrorista.

Uma nova Constituição a ser votada em referendo neste mês também proíbe os partidos políticos de caráter religioso e dá mais poder aos militares.

O referendo a ser realizado em 14 e 15 de janeiro é considerado um marco no roteiro que as autoridades apoiadas pelo Exército traçaram para um retorno ao regime democrático em meados do ano.

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