Mundo

Confrontos deixam um morto no Cairo

O presidente Mohamed Mursi decretou estado de emergência em três províncias do nordeste do Egito devido aos conflitos


	Policial egípcio agride um manifestante durante um protesto na praça Tahrir: a violência registrada nos últimos dias causou um total de 47 mortes
 (Mohammed Abed/AFP)

Policial egípcio agride um manifestante durante um protesto na praça Tahrir: a violência registrada nos últimos dias causou um total de 47 mortes (Mohammed Abed/AFP)

DR

Da Redação

Publicado em 28 de janeiro de 2013 às 11h15.

Cairo - Um homem foi morto nesta segunda-feira no Cairo em novos confrontos entre manifestantes e policiais, enquanto o presidente Mohamed Mursi decretou estado de emergência em três províncias do nordeste do país.

Para tentar acabar com essa nova crise, Mursi convocou na noite de domingo os representantes políticos para um diálogo às 18h00 locais (14h00 no horário de Brasília) no palácio presidencial, no Cairo.

O governo também aprovou um projeto de lei autorizando Mursi a pedir que o Exército participe do policiamento até o fim das eleições legislativas, nos próximos meses, e "sempre que o presidente da República pedir", indicou a agência de notícias estatal MENA.

Na ausência de uma Assembleia Nacional, o projeto de lei ainda precisa ser aprovado pelo Senado, dominado pelos islamitas.

A violência registrada nos últimos dias, que causou um total de 47 mortes, reflete as profundas divisões no país, mas também a hostilidade contínua de grande parte da população contra a polícia, acusada de violações sistemáticas dos direitos humanos.

Nesta segunda-feira, um homem foi morto por um tiro na cabeça perto da Praça Tahrir, em confrontos entre grupos de manifestantes e policiais, que continuam pelo quinto dia consecutivo.

Em três dias de violência, 46 pessoas foram mortas nas províncias de Port Said, Suez e Ismailiya, onde o presidente declarou na noite de domingo estado de emergência e toque de recolher por 30 dias.


Os confrontos com maior número de vítimas ocorreram em Port Said, onde 37 pessoas morreram após o anúncio da pena de morte para 21 torcedores do clube de futebol local, Al-Masry, envolvidos na briga que deixou 74 mortos no ano passado.

Mursi ameaçou tomar novas medidas caso a violência persista. Em desafio, os moradores de Port Said não respeitaram o toque de recolher e o estado de emergência em vigor protestando, segundo testemunhas.

Os funerais das vítimas mortas na véspera reuniram centenas de pessoas nesta segunda-feira, de acordo com imagens da televisão estatal.

É a pior onda de violência desde a eleição, em junho do ano passado, de Mursi, o primeiro presidente islâmico do Egito.

O Chefe de Estado, que em seu discurso à nação se mostrou nervoso e irritado, convocou ao diálogo o partido Al-Dostour, de Mohamed ElBaradei, o ex-chefe da Liga Árabe Amr Moussa e o candidato à presidência Hamdeen Sabbahi, bem como seus partidários do Partido da Liberdade e Justiça (PLJ, islâmico).


A Frente de Salvação Nacional (FSN), a principal coalizão de oposição liderada por ElBaradei, Moussa e Sabbahi, se reunirá à tarde para determinar a sua resposta.

Mas o movimento de Sabbahi, a Corrente Popular, já anunciou a sua "recusa em participar do diálogo enquanto o derramamento de sangue e os crimes do regime contra os manifestantes continuarem".

ElBaradei declarou, por sua vez, no Twitter: "Se o presidente não assumir a responsabilidade pelos acontecimentos sangrentos, não se comprometer a formar um governo de salvação nacional e uma comissão para emendar a Constituição, todo o diálogo será uma perda de tempo".

A oposição ameaçou convocar novas manifestações e exigir uma eleição presidencial antecipada se essas condições não foram cumpridas.

Acompanhe tudo sobre:ÁfricaCairoEgitoPolítica no BrasilProtestos

Mais de Mundo

As vitórias e derrotas de Musk desde a eleição de Donald Trump

Avião da Embraer foi derrubado por sistema de defesa aérea russo, diz agência

FAB deve auxiliar autoridades do Cazaquistão sobre queda de avião fabricado pela Embraer

Trump anuncia embaixador no Panamá e insiste que EUA estão sendo 'roubados' no canal