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Conferência de Genebra sobre a Síria está na corda bamba

Vários ministros das Relações Exteriores ameaçaram desistir de ir a Genebra se a reunião corresse o risco de não adotar plano de transição para o país

Annan:  o plano proposto pelo enviado especial da ONU e da Liga Árabe prevê a instauração de um governo provisório de união nacional (Sebastien Bozon/AFP)

Annan: o plano proposto pelo enviado especial da ONU e da Liga Árabe prevê a instauração de um governo provisório de união nacional (Sebastien Bozon/AFP)

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Da Redação

Publicado em 29 de junho de 2012 às 13h29.

Genebra - O enviado especial da ONU e da Liga Árabe, Kofi Annan, convocou para este sábado, em Genebra, uma primeira reunião de um "grupo de ação sobre a Síria", mas agora resta fazer o mais difícil: conseguir um acordo mínimo em torno de um plano de transição democrática que supere as profundas divergências que existem entre participantes e protagonistas.

As chances de sucesso da conferência dependerão provavelmente da reunião que será realizada na noite desta sexta em São Petersburgo pela secretária americana de Estado, Hillary Clinton, e pelo ministro russo das Relações Exteriores, Serguei Lavrov.

Vários ministros das Relações Exteriores - entre eles os de Estados Unidos, França e Grã-Bretanha - ameaçaram desistir de ir a Genebra se a reunião corresse o risco de não adotar o plano.

"Existem sérias ameaças sobre a reunião de Genebra", declarou em Nova York um diplomata que pediu o anonimato.

"É muito importante que a reunião de Genebra alcance um resultado. Pensávamos que os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança haviam entrado em acordo sobre o plano, mas as declarações dos russos nas últimas 24 horas parecem questionar isso", acrescentou.

A Rússia, aliada de Damasco, se opôs ao plano de transição proposto por Annan, o enviado especial da ONU e da Liga Árabe para a Síria.

Este plano prevê a instauração de um governo provisório de união nacional, do qual podem ser excluídos alguns responsáveis do governo sírio atual.


A equipe de Annan, submetido a intensas pressões, optou pela discrição para não prejudicar as múltiplas negociações em curso.

O objetivo continua sendo a aplicação do plano de seis pontos adotado pelo Conselho de Segurança da ONU, que por enquanto não foi cumprido, começando por um cessar efetivo da violência, indicou uma fonte diplomática em Genebra.

Ao mesmo tempo, é necessário um acordo sobre as grandes etapas para a transição política que os sírios devem levar adiante, acrescentou esta fonte.

"Há grandes divergências e questões importantes continuam sem solução, mas não há nada mais sobre a mesa", disse o diplomata, referindo-se a esse plano que busca acabar com 15 meses de uma violência que deixou 15 mil mortos.

O documento que Kofi Annan apresentará em Genebra prevê um governo de transição que inclua membros do governo atual e da oposição e exclua figuras atuais do poder capazes de afetar a credibilidade da transição.

Alguns diplomatas sugeriram que esta cláusula envolveria a saída do presidente Bashar al-Assad, mas Lavrov afirmou na quinta-feira que a Rússia não aceitará nenhuma "receita imposta do exterior" e que não existia "nenhum projeto aprovado" para a conferência.

"Para nós, o documento de Annan deve ser um ponto de chegada para as discussões de Genebra, enquanto os russos consideram que é um ponto de partida", explicou um diplomata ocidental.

Os protagonistas do conflito não participam, por enquanto, da reunião em Genebra.

Em uma entrevista para a televisão iraniana, o presidente Assad voltou a acusar os ocidentais de apoiar a rebelião na Síria e reiterou seu apoio ao plano de Annan.

A principal coalizão da oposição síria negou-se, por sua vez, a participar de qualquer governo antes que Assad abandone o poder.

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