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Concorrentes históricas, Merck e J&J se unem para produzir vacina nos EUA

A aposta é que a parceria pode ser suficiente para dobrar a produção da vacina da J&J, que só precisa de uma dose. Acordo foi confirmado nesta terça-feira pelo governo americano

Vacina da J&J: acordo com a Merck americana costurado pelo governo Biden (Dado Ruvic/Illustration/File Photo/Reuters)
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Carolina Riveira

Publicado em 2 de março de 2021 às 15h09.

Última atualização em 3 de março de 2021 às 16h17.

Um acordo costurado pela Casa Branca uniu duas rivais do setor farmacêutico em um negócio histórico. Confirmando rumores, o governo americano confirmou na tarde desta terça-feira, 2, que a Merck americana (chamada MSD fora dos EUA) ajudará a Johnson & Johnson's na fabricação de sua vacina de uma dose contra a covid-19 .

O acordo havia sido antecipado mais cedo por fontes ouvidas pelo jornal The Washington Post. Um anúncio oficial ainda deve ser feito hoje pelo presidente Joe Biden.

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A vacina da Johnson & Johnson's é uma das mais aguardadas por precisar de somente uma dose, enquanto as demais vacinas aprovadas até agora precisam de duas. A FDA, agência reguladora americana, aprovou a vacina da J&J neste fim de semana.

Ao todo, ao menos 88 países já compraram mais de meio bilhão de doses da vacina até agora. Só os EUA compraram, sozinhos, mais de 100 milhões de doses. O Brasil, por enquanto, não tem acordo com a farmacêutica.

Oficiais que falaram em condição de anonimato afirmam que o governo americano começou a procurar parceiros para escalar a produção da J&J, dada a grande aposta na vacina, e assim chegaram até a Merck, segundo os jornais The Washington Post e The New York Times.

A farmacêutica é uma das principais fabricantes de vacinas do mundo e também americana, após se separar da empresa alemã de mesmo nome. No Brasil e em outros mercados fora de EUA e Canadá, a Merck americana opera sob o nome de MSD. (Já a Merck alemã funciona como EMD nos Estados Unidos e no Canadá, e como Merck no Brasil e em outros países.)

A parceria costurada pelo governo americano se baseia no Ato de Produção de Defesa, uma lei de 1950 e usada para ampliar a produção de artigos de guerra em meio ao começo da Guerra da Coreia (1950-53). A lei foi embasada em medidas que haviam sido usadas na produção de armamentos anos antes, durante a Segunda Guerra Mundial (1939-45).

Como já havia sido feito no mandato de Donald Trump, o governo Joe Biden invocou a lei para a produção de insumos contra a covid-19. A legislação permite ao presidente solicitar que empresas e indivíduos priorizem a produção de certos insumos. No começo da pandemia, Trump negociou para que empresas como a montadora General Motors adaptassem as linhas de produção para produzir respiradores.

Com base no acordo, a Merck deve dedicar duas plantas nos EUA para fazer as doses da Johnson & Johnson's. Uma delas envasará a substância, enquanto a segunda efetivamente fabricará os insumos para a vacina. A principal expectativa está nessa segunda frente, com a esperança de que a participação da Merck aumente sobremaneira a oferta da vacina nos EUA e no mundo.

A aposta dos oficiais americanos, segundo o Washington Post, é que a participação da Merck pode ser suficiente para dobrar a capacidade de produção que a J&J teria sozinha. "É uma parceria histórica", disse um dos oficiais ao jornal, afirmando que o acordo é um "esforço de guerra".

Apesar da expectativa sobre o acordo, pode demorar até alguns meses para que a fábrica da Merck fique adaptada para a produção e distribuição das vacinas. As empresas ainda não comentaram sobre o assunto.

O acordo vem em momento em que o governo americano tem buscado aumentar a disponibilidade de vacinas no país para atingir mais rapidamente o percentual necessário de vacinados.

Após um começo de vacinação conturbado, os EUA chegaram a 77 milhões de doses aplicadas (mais do que infectados pela covid-19) e são hoje o país com mais doses aplicadas. São mais de 23 doses a cada 100 habitantes, ante 4 doses a cada 100 habitantes no Brasil.

A vacinação nos EUA tem ocorrido a uma taxa de mais de 1,8 milhão de doses por dia, acima da meta de 1,5 milhão estipulada pelo governo Biden. O avanço da vacinação já tem feito o número de novos casos diminuir no país, assim como ocorreu em outros lugares de vacinação avançada, como Israel.

*A matéria foi atualizada posteriormente para incluir a confirmação do acordo por parte do governo americano.

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