Como as tarifas de Trump ameaçam a recuperação das exportações na China
Apesar de um aumento de 6,7% nas exportações em novembro, desafios econômicos e tarifas prometidas por Trump podem dificultar a recuperação chinesa
Redator na Exame
Publicado em 12 de dezembro de 2024 às 09h50.
As exportações da China apresentaram um crescimento significativo em novembro de 6,7% em relação ao mesmo período do ano anterior, totalizando US$ 312 bilhões (R$ 1,86 trilhão). Esse aumento marcou o maior patamar desde setembro de 2022, segundo dados oficiais divulgados na última terça-feira.
O desempenho robusto foi impulsionado pela demanda global e pelo adiantamento de pedidos, especialmente de importadores norte-americanos, temerosos de tarifas mais altas sob o presidente eleito Donald Trump.
De acordo com a Business Insider, o crescimento das exportações ajudou a reverter a queda de 4,6% registrada no ano passado e consolidou um aumento de 5,1% nas exportações nos primeiros dez meses de 2024. Para analistas como Lynn Song, economista da ING para a Grande China, o resultado representa a maior surpresa positiva para a economia chinesa neste ano.
Entretanto, a sustentabilidade desse crescimento permanece incerta.Parte do volume elevado de exportações pode estar associada ao estoque antecipado feito por importadores, o que, segundo analistas da BofA Securities, pode levar a uma retração no segundo e terceiro trimestres de 2025. O impacto potencial de novas tarifas impostas por Trump também é motivo de preocupação.
O cenário interno também apresenta desafios. As importações chinesas caíram 3,9% em novembro em comparação ao ano anterior, refletindo uma queda na demanda doméstica, com consumidores optando por compras mais baratas. Embora robustas, as importações não atingiram a expectativa de aumento de 8,5% projetada por economistas em pesquisa da Reuters.
Preparativos para Trump 2.0
Com o retorno de Trump à presidência dos Estados Unidos, acompanhado de promessas de tarifas de 60% sobre importações chinesas e adicionais de 10%, Pequim já se movimenta para enfrentar os desafios do próximo mandato. Durante a reunião do Politburo nesta semana, a liderança chinesa destacou planos para uma política fiscal mais proativa e uma política monetária moderadamente flexível, segundo a agência estatal Xinhua.
Além disso, Pequim anunciou ajustes "não convencionais" para combater ciclos econômicos negativos e fomentar o consumo interno. A meta é estabilizar o crescimento, o que inclui um aumento significativo nos gastos fiscais para o próximo ano.
Embora os mercados tenham inicialmente reagido de forma positiva às declarações do Politburo, o otimismo diminuiu no dia seguinte, com os mercados mostrando resultados mais modestos.Especialistas como Ting Lu, economista-chefe da Nomura para a China, alertam que as medidas anunciadas podem ser insuficientes para impulsionar uma recuperação real.
Contexto econômico
A economia chinesa enfrentou um ano desafiador, com estímulos agressivos lançados em setembro que levaram o mercado acionário a um aumento de 8,5% em um único dia. No entanto, os índices de referência CSI300 e Hang Seng em Hong Kong permanecem cerca de 20% acima dos níveis do início do ano, ainda distantes dos picos alcançados no início de 2021.
O crescimento das exportações tem sido um pilar essencial para sustentar a economia chinesa, permitindo que o país se mantenha próximo de sua meta de crescimento do PIB. Porém, a desaceleração na demanda global e o impacto de possíveis tarifas reforçam a necessidade de Pequim intensificar suas políticas para estabilizar o crescimento e promover a recuperação econômica.