"Numa disputa em dois turnos há sempre um cálculo a fazer para saber o que é mais interessante e isso vale para todos os partidos", disse Haddad (ABr)
Da Redação
Publicado em 3 de setembro de 2011 às 15h27.
Brasília - O comando do PT está incentivando alianças com o PSD do prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, nas eleições municipais de 2012, em várias cidades do País. A defesa desta coligação, no entanto, não fará parte da resolução política a ser aprovada amanhã pelo 4.º Congresso do PT, que vai recomendar "prioridade" ao casamento de papel passado apenas com partidos da base do governo Dilma Rousseff.
Em São Paulo, o PSD deverá apoiar o ex-governador José Serra (PSDB), caso ele decida concorrer à Prefeitura, ou até mesmo lançar a candidatura do secretário Eduardo Jorge (PV). Mesmo assim, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, fiador da candidatura do ministro Fernando Haddad (Educação) à sucessão de Kassab, avalia que é preciso manter as portas abertas para eventual segundo turno.
O alvo principal do PT, hoje, é o PMDB, mas o PSD está na mira petista em um punhado de cidades, principalmente no interior. Na Bahia e em Sergipe, por exemplo, os petistas atuam para inflar a legenda de Kassab. "Numa disputa em dois turnos há sempre um cálculo a fazer para saber o que é mais interessante e isso vale para todos os partidos", disse Haddad, pouco antes de participar de uma plenária que discutiria alianças, no encontro do PT.
Diretor do Instituto Lula, o deputado Devanir Ribeiro (PT-SP) afirmou que a resolução política a ser aprovada hoje no encontro petista não pode "congelar" as negociações em curso para as eleições municipais. "A aliança vai se dar regionalmente. Não adianta estabelecer critérios rígidos porque ninguém cumpre", comentou Ribeiro. "A gente sabe, por exemplo, que o PSD vai estar na base aliada do governo Dilma e vamos fazer composições com esse partido em vários locais."
Jumbão
Para o senador Jorge Viana (PT-AC), porém, o PT precisa prestar atenção no "caráter híbrido" do PSD de Kassab. "O PSD quer ocupar um espaço que sempre foi do PSDB, que é o de ficar em cima do muro. Mas quem fica no muro corre risco de se cortar com caco de vidro", provocou Viana. Na sua opinião, é muito difícil para a cúpula do PT fixar, em resolução, as diretrizes para alianças de 2012.
"O governo Dilma é o governo Jumbão, onde entram todos os partidos. Então, nas composições para 2012, tem de ser assim também. É proibido proibir", afirmou o deputado Jilmar Tatto (PT-SP), outro pré-candidato a prefeito de São Paulo.
O namoro com o PSD, porém, divide a seara petista e já provoca até mesmo briga entre os partidos da base aliada. "Em Santa Catarina, o PSB do governador de Pernambuco, Eduardo Campos, virou barriga de aluguel do PSD, que lá é comandado pelo Bornhausen", disse o prefeito de Joinville, Carlito Merss, numa referência ao ex-senador Jorge Bornhausen, que foi presidente do DEM. "Está certo que em alguns locais o PT pode compor com o PSD, mas é necessário ter cautela porque em muitas cidades esse partido é a extrema-direita." (Vera Rosa)