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Com vacinação ainda insuficiente, União Europeia estuda aprovar Sputnik V

A UE corre para acelerar a vacinação, que tem sido mais lenta do que o esperado. O número de casos de coronavírus no continente voltou a crescer nesta semana

Sputnik V: autoridades russas dizem que concederiam 50 milhões de doses à União Europeia, mas só a partir de junho (Agustin Marcarian/Reuters)

Sputnik V: autoridades russas dizem que concederiam 50 milhões de doses à União Europeia, mas só a partir de junho (Agustin Marcarian/Reuters)

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Carolina Riveira

Publicado em 4 de março de 2021 às 12h18.

Última atualização em 4 de março de 2021 às 12h47.

O número de contágios por coronavírus aumentou novamente na Europa, onde os países tentam acelerar a vacinação, e a Rússia prometeu doses para 50 milhões de europeus a partir de junho se a UE aprovar seu fármaco Sputnik V.

Na Europa, onde a covid provocou mais 863 mortes e mais de 38 milhões de contágios, segundo o balanço da AFP com base em dados oficiais, o número de novos casos aumentou depois de seis semanas de queda, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).

"Na semana passada, os novos casos de covid-19 na Europa aumentaram 9%, superando por pouco um milhão. Isto acaba com uma redução promissora de seis semanas", afirmou o diretor para a Europa da OMS, Hans Kluge.

"Registramos um ressurgimento na Europa central e leste. Os novos casos também aumentam em vários países do oeste da Europa, onde os índices já eram elevados", completou.

Na coletiva de imprensa desta quinta-feira, 4, a OMS afirmou, no entanto, que a situação da Europa está longe do cenário no Brasil, que classificou como tragédia. O Brasil registrou ontem 1.840 mortes pela covid-19, o maior número de vítimas em um único dia desde que a pandemia começou.

Em meio à preocupação com uma alta de novos casos nos moldes do Brasil, os países europeus correm para acelerar a vacinação, que tem sido mais lenta que  o esperado.

Dentre os países que fazem parte da União Europeia, foram aplicadas 35,6 milhões de doses das vacinas até agora, cerca de 8 doses a cada 100 habitantes do bloco. O número está muito atrás de países como EUA (24 doses a cada 100 habitantes) e Reino Unido (32 doses a cada 100 habitantes), o que tem gerado críticas no bloco.

Nesse cenário, a Agência Europeia de Medicamentos (EMA) anunciou nesta quinta-feira que começou a examinar a vacina russa Sputnik V, desenvolvida na Rússia, cujas autoridades se declararam disposta a fornecer doses para 50 milhões de europeus a partir de junho.

Até o momento, a UE autorizou o uso de dois imunizantes, o da Pfizer/BioNTech e o da AstraZeneca/Oxford.

"Após a aprovação por parte da EMA, estaríamos capacitados para fornecer vacinas para 50 milhões de europeus a partir de junho de 2021", declarou em um comunicado Kirill Dmitriyev, diretor do fundo soberano russo, que contribuiu para o desenvolvimento da vacina Sputnik V contra o coronavírus.

A vacina russa foi recebida com ceticismo pelos países ocidentais, mas está convencendo os cientistas, sobretudo depois que uma publicação da revista The Lancet apontou que a Sputnik V teria eficácia de 91,6% nos casos sintomáticos de covid-19.

Três países europeus se anteciparam à aprovação da EMA e encomendaram lotes da vacina russa: Hungria, República Tcheca e Eslováquia.

No Brasil, a compra da Sputnik V também é estudada. Os estados tem defendido a análise rápida do imunizante pela Anvisa, agência reguladora, e a compra pelo governo federal.

As autoridades russas afirmam poder enviar 10 milhões de doses prontas em março. A partir de abril, a farmacêutica brasileira União Química também espera produzir 8 milhões de doses por mês em sua fábrica, incluindo com insumo (o IFA) feito nacionalmente.

Nesta semana, um consórcio de governadores também formalizou pedidos de compra junto à União Química -- só São Paulo ordenou a compra de 20 milhões de doses.

Nos últimos dias, cinco países também decidiram aprovar de forma acelerada as novas gerações de vacinas adaptadas para as variantes do coronavírus.

Reino Unido, Canadá, Austrália, Suíça e Singapura não exigirão uma "nova aprovação completa ou 'longos' estudos clínicos" de novas versões de vacinas anticovid já aprovadas, explicou a agência reguladora britânico MHRA, associada ao consórcio ACCESS com as agências dos outros quatro países.

A decisão é baseada no procedimento que já é aplicado às vacinas da gripe, modificadas a cada ano para enfrentar as novas cepas do vírus.

 

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