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Com obstáculos, grande caravana de migrantes completa um mês rumo aos EUA

São mais de 6.000 migrantes, hondurenhos em sua maioria, que persistem desde 13 de outubro na marcha rumo aos EUA

Caravana rumo aos EUA: Trump acusa os migrantes de protagonizarem uma "invasão" e, para contê-los, determinou o envio de até 9.000 soldados para a fronteira sul (Carlos Garcia Rawlins/Reuters)

Caravana rumo aos EUA: Trump acusa os migrantes de protagonizarem uma "invasão" e, para contê-los, determinou o envio de até 9.000 soldados para a fronteira sul (Carlos Garcia Rawlins/Reuters)

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AFP

Publicado em 14 de novembro de 2018 às 10h26.

Sem ânimo para festejar, a primeira grande caravana de migrantes que deixou Honduras rumo aos Estados Unidos completou um mês na terça-feira (13) de um caminho tortuoso e minado de ameaças da parte do presidente Donald Trump, mas ainda determinada a alcançar o sonho americano.

Os mais de 6.000 migrantes - hondurenhos em sua maioria - que persistem desde 13 de outubro na marcha que saiu de San Pedro Sula começaram a chegar a La Concha, em Sinaloa, um estado com forte presença do narcotráfico na costa noroeste do Pacífico do México.

Após percorrer um extenuante caminho iniciado em Guadalajara, Jalisco, os migrantes chegaram sob o forte sol com uma mistura de emoções: cansaço extremo, alegria por superar um novo trecho rumo ao norte e indignação por se sentirem enganados pelas autoridades mexicanas.

Na madrugada, o governo de Jalisco disponibilizou dezenas de ônibus aos migrantes para levá-los a Nayarit.

Entretanto, a AFP constatou que os ônibus fizeram os migrantes descer na estrada, a 70 km do ponto acordado. Isso desatou a ira e indignação dos centro-americanos.

Os milhares de migrantes, incluindo numerosas crianças e alguns idosos, desceram desorientados dos ônibus. "Eles nos enganaram!", gritavam alguns, indignados.

Assim, a caravana completou um mês. Sem perder muito tempo com lamentações, seguiu caminho a pé ou pedindo carona em trens de carga.

É preciso continuar

Após percorrer cerca de 2.500 km desde Honduras, centenas de migrantes chegaram arrastando suas mantas e bagagens até La Concha.

Neste ponto, protegido por dezenas de policiais, receberam água e comida. Veículos providenciados por um padres chegavam ao local para transportar os migrantes até Sonora, o último estado antes de Tijuana

"Não suporto mais, mas é preciso continuar", suspirou Jayson Gutiérrez, enquanto subia em um caminhão que normalmente transporta material de construção.

Desde que os mandaram descer do ônibus em Jalisco "vieram como puderam, sem comer, sem dormir, com suas criaturas", descreveu Enrique Hernández, secretário local da Comissão de Trabalhadores do México, um sindicato de operários que se ofereceu para ajudar.

"Lhes damos soro, água, frutas, eles chegam desidratados. Também sentem um cansaço emocional. Acabo de atender uma crise porque avisaram a um deles que sua mãe morreu em Honduras", disse uma paramédica da Cruz Vermelha que pediu anonimato.

Em sua passagem pelo México, a caravana chegou a somar 7.000 integrantes, segundo as Nações Unidas, mas muitos desistiram pelo caminho. No total, 6.011 migrantes (902 menores de idade) conseguiram chegar a Guadalajara - segundo números das autoridades locais.

Atrás dessa grande caravana, há outras duas, com cerca de 2.000 migrantes cada, enquanto grupos mais reduzidos se adiantavam até a fronteira com os Estados Unidos.

Na terça-feira, nove ônibus chegaram a Tijuana com 350 migrantes, todos membros da primeira grande caravana.

Os obstáculos de Trump

Diante da iminente chegada das caravanas, os Estados Unidos fecharam parcialmente com barricadas e arames farpados os postos na fronteira de San Ysidro e Otay Mesa, que levam à Califórnia.

O secretário de Defesa americano, Jim Mattis, anunciou que visitará a fronteira na quarta-feira.

Em 9 de novembro, Trump decretou o fim dos pedidos de asilo para quem entrar ilegalmente nos Estados Unidos, uma medida que busca dissuadir os migrantes centro-americanos que tentam escapar da pobreza e da violência em seus países.

Com essa medida, Trump busca fazer o governo mexicano a assumir os migrantes, estipulando que o decreto perderá sua vigência caso se chegue a um acordo que "permita aos Estados Unidos expulsarem estrangeiros para o México".

Segundo o governo americano, as patrulhas fronteiriças registraram mais de 400.000 entradas ilegais em 2018. E, nos últimos cinco anos, o número de solicitantes de asilo aumentou 2.000%, transbordando o sistema, que tem mais de 700.000 casos acumulados para processar.

Trump acusa os migrantes de protagonizarem uma "invasão" e, para contê-los, determinou o envio de até 9.000 soldados para a fronteira sul.

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